Desde março, o Brasil parou por conta da pandemia do novo coronavírus. Chegamos ao mês de julho. Estamos entrando no quarto mês da batalha contra a Covid-19 e uma série de questões continuam sem resposta. A mais importante de todas é sobre quando teremos uma vacina. Há informações de que em a fase de ensaios clínicos já está iniciando. Quanto tempo esse processo poderá levar? Não se sabe. A imprevisibilidade trazida pela pandemia também ronda nossa economia e as contas públicas dos governos federal, estaduais e municipais. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, estima que o PIB do Brasil este ano sofra uma queda de 6,4. Mas, considerando alguns indicadores econômicos, ele enxerga um possível “viés de melhora”. O mercado tem uma expectativa semelhante. De acordo com a última pesquisa Focus (feita pelo Banco Central com o mercado financeiro), as projeções indicam uma retração de 6,54%. Bem mais pessimistas são as previsões do Banco Mundial (-8%) e do Fundo Monetário Internacional (-9,1%).
Sabe-se que o déficit na Previdência deve se agravar, embora seja difícil precisar seu tamanho. Em março, o governo fazia um cálculo de R$ 241 bilhões. Em maio, reavaliou para cima: R$ 276,5 bilhões. Já a Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado Federal projeta R$ 306,2 bilhões. O secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, alerta que o déficit primário do setor público pode chegar a R$ 850 bilhões, ou 11,5% do PIB. O Brasil sairá da pandemia com dívida bruta acima de 95% do PIB, o que é elevado para países emergentes. Não sabemos quantas empresas conseguirão sobreviver à crise. Os pedidos de recuperação judicial e de falência estão crescendo e atingem principalmente as pequenas e as microempresas. Vale ressaltar que elas são responsáveis por mais de 72% dos empregos no país. A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes acredita que o número de falências no setor será alto mesmo após o fim da quarentena, já que milhares de trabalhadores perderão o emprego e continuarão cautelosos.
Outra dimensão preocupante é o desemprego. De acordo com o IFI, podemos chegar ao fim do ano com 14,2% de desempregados, em um cenário otimista. Mas o índice pode atingir 15,3%. De acordo com o IBGE, fechamos 2019 em 11,9%. A boa notícia é que para 2021 as previsões apontam para um crescimento do PIB de 3,5%. Havendo crescimento, poderemos recuperar parte dos empregos perdidos. Para tanto, o Congresso Nacional precisa continuar empenhado na agenda de reformas estruturais com o objetivo de reduzir o déficit das contas públicas e melhorar o ambiente de negócios. Sem essa agenda, a recuperação será ainda mais lenta e sacrificante para a população. E nosso futuro ficará ainda mais incerto.
Podemos chegar ao fim do ano com 14,2% de desempregados, em um cenário otimista, mas o índice pode atingir 15,3%. Em 2019, fechamos em 11,9%.