O aumento da polarização política entre bolsonaristas x antibolsonaristas, com o possível crescimento de manifestações em São Paulo (SP), traz mais um problema para o governador João Doria (PSDB) gerenciar.
No último sábado (06), após fracassar a tentativa uma tentativa de acordo entre os grupos bolsonaristas e de oposição ao presidente, conduzida pela Polícia Militar (PM), com objetivo de evitar que dois protestos ao mesmo tempo ocorressem na Avenida Paulista, Doria precisou recorrer à Justiça.
O pedido do governador foi acatado pelo juiz Rodrigo Galvão Medina, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), que em decisão liminar proibiu a realização de atos de grupos ideologicamente opostos no mesmo tempo e no mesmo local.
Somente após decisão judicial, os opositores do presidente Jair Bolsonaro, que se intitulam grupos pró-democracia, liderados pela “Frente Brasil Sem Medo”, do líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Guilherme Boulos (PSOL), além de torcidas organizadas e grupos que representam estudantes e movimentos negros e Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBT’s), fizeram um acordo com a PM e transferiram seu protestos para o Largo da Batata, no bairro de Pinheiros.
Já os movimentos bolsonaristas “Brasil contra o comunismo”, “Movimento Juntos Pela Pátria”, “Damas de Aço” e “Guerreiras do Sudeste”, que lideram em SP a defesa do presidente, fizeram seu fato na Avenida Paulista.
O ambiente político de aumento da polarização preocupa João Doria, pois o Estado pode se transformar no grande epicentro dos protestos de rua nos próximos meses. Vale lembrar que além dos grupos citados acima, movimentos como o “Estamos Juntos” e “Somos 70%”, também de oposição a Bolsonaro, estão crescendo nas redes.
Embora hoje os partidos de esquerda, assim como entidades da sociedade civil como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) peçam para que se evite aglomerações devido ao avanço da pandemia do coronavírus, o agravamento do cenário econômico – combinado com o possível aumento da desaprovação do governo – poderá criar um ambiente para que as forças de esquerda também se somem aos grupos de oposição que hoje saem às ruas contra o presidente.
Como Jair Bolsonaro tem uma base social orgânica e bastante mobilizada, tais grupos também devem continuar se mobilizando em defesa do presidente.
Embora parte importante das manifestações desse domingo (7) tenham sido pacíficas, um confronto ocorrido entre setores radicais dos atos contrários ao governo com a PM serve de alerta ao Palácio dos Bandeirantes.
Outra questão que preocupa Doria é o avanço do bolsonarismo sobre a PM. Nas redes sociais, o governo paulista já monitora a adesão de soldados, cabos, sargentos e major na defesa do presidente. Trata-se de mais um foco de risco para Doria, principalmente no que diz respeito a possíveis confrontos nas ruas entre grupos com oposição com setores da polícia militar simpáticos a Jair Bolsonaro e com trânsito junto a chamada bancada da bala tanto na Câmara dos Deputados como na Assembleia Legislativa.