Em entrevista concedida ao Estadão na semana passada, a líder do governo Jair Bolsonaro no Congresso Nacional, a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), se posicionou como pré-candidata à prefeita de São Paulo nas eleições de 2020.
Joice disse que o PSL está decidido a lançá-la candidata e afirmou “não ser mulher de amarelar”. Mesmo reconhecendo que houve especulações no partido em favor do lançamento do apresentador da TV Bandeirantes, José Luiz Datena, que hoje está sem partido, a deputada avaliou que Datena tem um histórico vinculado ao PT.
Um dos argumentos utilizados por Joice Hasselmann para justificar a pré-candidatura é a “inexistência de um nome de direita em São Paulo”.
Além dessa manifestação, as menções as possíveis candidaturas do ex-governador Márcio França (PSB) e do ex-prefeito Fernando Haddad (PT), assim como do atual prefeito e provável candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB), sugerem que Joice está fardada para a disputa em São Paulo.
A provável candidatura de Joice Hasselmann trará, como consequência, um afastamento natural do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), do conjunto de forças políticas que respaldam o bolsonarismo.
Como o presidente Jair Bolsonaro enxerga Doria como um potencial adversário para a sucessão presidencial de 2022, o PSL construirá uma candidatura vinculada ao presidente (por isso a opção por Joice) para tentar impor uma derrota aos tucanos na prefeitura mais cobiçada no país no pleito do próximo ano.
Como consequência desse afastamento, Doria tende a se engajar na campanha de Bruno Covas, pois é importante para o projeto nacional do governador que o PSDB tenha um bom desempenho no seu grande reduto eleitoral.
Além de tentar alavancar Bruno Covas, o PSDB tem o desafio de encontrar um novo posicionamento no tabuleiro da eleição paulistana. Com a força política do bolsonarismo, naturalmente o voto de direita, que em 2016 foi de João Doria, quando ele se elegeu prefeito tendo Covas como seu vice, deve migrar para o PSL.
A tendência é que os tucanos procurem ocupar o espaço do centro. Porém, a eventual candidatura de Fernando Haddad ou então de sua esposa, Ana Estella Haddad, tende a produzir uma polarização natural com o PSL, assim como ocorreu na disputa presidencial de 2018.
Para deixar o quadro mais complexo, Márcio França, que venceu João Doria na capital na eleição para governador do ano passado, também deve ser candidato, o que ameaça não apenas o PT, mas também o PSDB.
Por todas essas variáveis a eleição de 2020 na capital paulista já é vista como um laboratório do pleito presidencial de 2022.