Desafios adicionais para Paulo Guedes

Fato: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A piora do clima social no Brasil, consequência da lenta recuperação da economia, transformou-se num desafio adicional para o ministro da Economia, Paulo Guedes. Recentemente, ao participar de uma audiência pública na Comissão Mista do Orçamento no Congresso, ele reduziu a projeção de crescimento do PIB de 2% para 1,5%. 

Outra projeção negativa em relação à economia brasileira partiu da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que mencionou as dificuldades políticas vividas pelo governo Bolsonaro para aprovar reformas como um fator que poderá contribuir para esse resultado. O estudo semanal da OCDE intitulado “Perspectivas Econômicas” reduziu a expectativa de crescimento do PIB brasileiro para 1,4%. Em março, a projeção era de 1,9%.

Seguindo essa linha de previsão negativa, um estudo realizado pela consultoria AC Pastore revelou que a economia brasileira pode estar caminhando para a depressão, caracterizada pela “fase do ciclo econômico em que a produção entra em declínio acentuado, gerando queda nos lucros, perda do poder aquisitivo da população e desemprego”. 

Além disso, na semana passada, levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/IBRE) apontou que a desigualdade no mercado de trabalho aumentou pelo 17º trimestre consecutivo e alcançou, no primeiro trimestre de 2019, seu maior nível em pelo menos sete anos. Segundo o estudo, o índice de Gini, que mede a renda do trabalho per capita, atingiu 0,627, o maior patamar da série histórica, iniciada em 2012. 

De acordo com o instituto, as oscilações na relação entre a renda média dos 10% mais ricos e a dos 40% mais pobres indicam que desde novembro de 2015 essa desigualdade vem crescendo. Do ponto de vista social, o maior problema com o qual o governo se depara é com o desemprego, que atinge 13 milhões de pessoas. Como a tendência aponta para uma redução mais lenta da economia devido aos obstáculos que a aprovação das reformas, sobretudo a da Previdência, a queda do número de desempregados também deve ser mais lenta.

Preocupado com esse cenário, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu a criação de uma agenda econômica de curto prazo para destravar a geração de empregos.

As dificuldades enfrentadas pelo país para voltar a crescer criam um risco de curto e médio prazo para a popularidade do governo. Vale recordar que a pesquisa CNT/MDA de fevereiro havia constatado que 65,1% dos entrevistados acreditavam que sua vida melhoraria entre um e dois anos.

Isso indica que, a partir do próximo ano, o governo, como consequência desse clima social mais negativo, tende a contar também com uma opinião pública mais crítica. Tal cenário acaba gerando uma pressão sobre a agenda de austeridade defendida pelo ministro Paulo Guedes. Pois tanto no meio político como na sociedade haverá pressões para que se adotem medidas mais gradualistas, principalmente diante da questão do emprego.

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