O cenário eleitoral em São Paulo (SP), apesar de algumas indefinições, começa a ganhar forma diante dos movimentos de seus principais players.
O primeiro movimento mais significativo foi a filiação do apresentador da TV Bandeirantes, José Luiz Datena, ao MDB. Depois de ser cotado como uma alternativa de candidato para o presidente Jair Bolsonaro, Datena se distanciou de Bolsonaro e flerta com o centro.
O posicionamento de Datena ao centro combinado com o rompimento de Bolsonaro com os deputados federais Joice Hasselmann (PSL-SP) e Alexandre Frota (PSDB-SP), deixa o terreno aberto para os adversários de Bolsonaro no maior colégio eleitoral do país.
Mais do que isso, a possível escolha de José Luiz Datena (MDB) como vice do prefeito e candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB), tem potencial para fortalecer uma alternativa de centro.
Entretanto, o anúncio de que Datena assumirá o comando do programa 90 minutos na Rádio Bandeirantes também alimenta rumores de uma desistência do apresentador em ser candidato.
Caso Datena não componha com Covas, surgem como alternativas o ex-secretário municipal da Cultura, Alexandre Yousseff, que poderá se filiar ao Cidadania, a senador Mara Gabrilli (PSDB-SP) e a esposa do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), Lu Alckmin.
A vaga de vice de Covas é também cobiçada por DEM e Republicanos. No DEM, é cogitado o nome do deputado federal Alexandre Leite (DEM), filho do vereador Milton Leite (DEM). Já o Republicanos tem o deputado federal Celso Russomanno (Republicanos-SP) como alternativa.
No campo da esquerda, ocorreram importantes definições na semana passada. Apesar da oposição ao governo Bolsonaro unirem a esquerda, o campo progressista irá fragmentado para a disputa na capital paulista.
No último domingo (15), Jilmar Tatto venceu as prévias e será o candidato do partido em outubro. A escolha de Tatto ocorre após a negativa do ex-prefeito Fernando Haddad (PT) em concorrer. O Plano B do ex-presidente Lula, a ex-prefeita e ex-senadora Marta Suplicy (Sem partido) chegou a cogitar um retorno ao PT, mas as resistências internas ao seu nome são muito grandes.
Embora Lula cogite a filiação de Marta a outra legenda para ser candidata a vice, a rejeição ao nome da ex-senadora deve inviabilizá-la. Neste cenário, a vaga de vice na chapa pode ser do PCdoB, que hoje tem o vereador Orlando Silva como pré-candidato. Marta chegou a ser cotada para a vaga.
O PSOL também definiu sua chapa nesse domingo. O líder do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST), Guilherme Boulos (PSOL), que concorreu à Presidência da República em 2018, será candidato. Sua vice será a ex-prefeita Luiza Erundina (PSOL). Boulos venceu nas prévias a deputada federal Sâmia Bonfim e o deputado estadual Carlos Giannazi, que também desejavam concorrer.
Outra opção no campo da centro-esquerda será o ex-governador Márcio França (PSB), que teve sua pré-candidatura à prefeito lançada na última quinta-feira (12). Márcio terá o apoio do PDT.
O ato político contou com a presença do ex-ministro Ciro Gomes (PDT). Cotado para concorrer novamente ao Palácio do Planalto em 2022, Ciro enxerga na candidatura de Márcio França um movimento importante para atrair o PSB ao seu projeto nacional.
Apesar dessas definições, ainda há muitas variáveis abertas no tabuleiro. Embora o bolsonarismo tenha uma forte base social em SP, a não participação do presidente Jair Bolsonaro na campanha pode deixar o governo sem candidato na capital paulista.
Neste cenário, Bruno Covas, tenta atrair um nome dissociado do establishment para atrair o voto conservador e chegar ao segundo turno. É dentro de tal estratégia que o PSDB pode ter Datena como seu vice. Outra opção é a deputada federal Joice Hasselmann.
Do centro para esquerda, o nome mais forte é o de Márcio França, que possui o recall da campanha de 2018, quando perdeu para o governador João Doria (PSDB), tendo vencido Doria na capital.
Quem deve enfrentar sérias dificuldades é o PT. Sem Haddad e Marta, os petistas correm o risco de fazerem menos votos que o PSOL, já que a chapa Boulos-Erundina tem base nas periferias da cidade, justamente onde o Lulismo ainda preserva capital político.