Características das eleições municipais

Foto: TRE-RJ/Flickr

Em outubro haverá eleições municipais. Mais de 153 milhões de eleitores de 5.570 cidades brasileiras escolherão prefeitos e vereadores. Essa eleição terá algumas características interessantes em relação às anteriores. O presidente Jair Bolsonaro saiu do PSL e trabalha pela criação de uma nova legenda, a Aliança pelo Brasil. Há chances de que a sigla não consiga ser viabilizada a até abril, tempo limite para concorrer. Portanto, esta deve ser a primeira vez, desde a redemocratização, que o partido do presidente da República estará fora do pleito. Sem envolvimento direto na campanha, não haverá como “testar” a capacidade de transferência de voto de Bolsonaro.

Sem a presença direta do presidente na eleição, esse pleito será ainda mais local do que normalmente. Problemas que afetam o dia a dia de determinada localidade serão mais importantes que assuntos de cunho nacional. Embora alguns grandes centros, como São Paulo e Rio de Janeiro, possam envolver atores nacionais, as questões inerentes aos municípios é que dominarão a campanha. Como consequência, será prematuro, a partir de seus resultados, fazer projeções para a eleição presidencial de 2022. Não é porque um candidato A que apoiou um candidato B em determinada cidade, por mais importante que ela seja, e o candidato B venceu que isso fará do candidato A um nome competitivo na eleição seguinte, seja para senador, governador ou presidente. Porém, não há dúvidas de que a eleição municipal poderá revelar algumas questões cruciais para candidatos e partidos, permitindo que eles possam ajustar suas estratégias para 2022.

Outro ponto é que, na avaliação de lideranças políticas, o impacto sobre o ritmo de trabalho do Legislativo deve ser menor do que em anos anteriores. Com a população mais atenta e cobrando mais dos políticos, teria efeito negativo o parlamentar ficar pedindo votos na sua cidade ao invés de estar em Brasília, votando temas significativos. Mas, pesquisa da Arko Advice com 106 deputados federais mostrou que para 63,20% a eleição municipal de outubro pode atrapalhar a pauta de votações da Câmara. Justamente por ser mais focada em problemas regionais, além disso, a eleição deverá ser menos radicalizada do que a de 2018. Do ponto de vista partidário, vale ressaltar: o PT tentará permanecer como a principal legenda de oposição; o MDB lutará para manter-se como o partido que mais comanda prefeituras; e o PSDB brigará para não perder mais espaço do que tem perdido.

Sem partido, a transferência de votos pela benção presidencial fica prejudicada. Bom ao PT e uma prova de fogo para o MDB e os tucanos

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