O governador João Doria (PSDB) anunciou a extensão da quarentena em todo o Estado de São Paulo (SP) até 31 de maio, desistindo de flexibilizar as medidas restritivas. Anteriormente, Doria havia anunciado mudanças no isolamento social a partir de 11 de maio.
Segundo Doria, a continuidade da quarentena foi necessária porque “o cenário é desolador. Nenhum governante tem prazer em dar más notícias, mas não se trata de ter ou não este sentimento, trata-se de proteger vidas no momento mais crítico desse país”.
Doria recordou que “nenhum país conseguiu relaxar as medidas de isolamento social em meio a uma curva crescente. Autorizar o relaxamento agora seria colocar em risco vidas e o sistema de saúde. Retomaremos sim, no momento certo, na hora certa”.
O governador recordou que apenas na cidade de São Paulo, são 4.496 mortes entre confirmadas e suspeitas. A lotação das UTIs municipais é de mais de 80% e mais da metade dos nossos hospitais já tem 100% de ocupação”, afirmou Bruno Covas.
O secretário estadual da Fazenda e do Planejamento, Henrique Meirelles, reforçou a importância da extensão da quarentena e falou sobre uma retomada da atividade econômica, mas só após o controle da doença. Pesou na decisão de João Doria em manter a quarentena o aumento de mortes em SP por coronavírus, que já passam de três mil.
O cálculo político também deve ter pesado na decisão de Doria. Como o presidente Jair Bolsonaro prioriza a defesa da economia – e mostrou fortemente isso ao levar ministros e empresários ao Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada – estender a quarentena é uma forma de Doria polarizar com Bolsonaro na narrativa saúde x economia.
Um indício que a questão política pesou foi a afirmação de João Doria que “não faz política” e que “medidas duras são necessárias”. Ao afirmar que não é político, o governador responde os que criticam o isolamento social.
Apesar dos médicos, cientistas e opinião pública aplaudirem a extensão da quarentena, a pressão sobre Doria por parte dos prefeitos do interior, do setor privado e da base social bolsonarista – que vem constantemente escolhendo o governador como o alvo de suas manifestações – deverá crescer.
A defesa da bandeira da saúde e da vida também é uma forma de João Doria evitar que o aumento do número de mortos o atinja politicamente.