A relação de Tarcísio com o bolsonarismo – Análise

A relação do governador de São Paulo (SP), Tarcísio de Freitas (Republicanos), com os setores mais radicalizados do bolsonarismo desafia o campo da direita na sucessão de 2026.

Bolsonaro e Tarcísio – Foto: Alan Santos/PR

Na semana passada, chamou atenção as fortes declarações proferidas pelo pastor Silas Malafaia, um dos expoentes dos segmentos evangélicos que sustentam o bolsonarismo. Em entrevista concedida à Folha, Malafaia declarou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deveria “dar uma prensa” em Tarcísio.

Embora Tarcísio seja um aliado de Bolsonaro, lideranças como Silas Malafaia avaliam que o governador estaria trabalhando para sedimentar sua candidatura ao Palácio do Planalto em 2026. O bolsonarismo raiz enxerga isso de forma negativa, pois ainda acreditam que Jair Bolsonaro conseguirá, até 2026, reverter sua inelegibilidade.

Ao Estadão, Malafaia ainda questionou: “Em que lugar público o Tarcísio falou que a inelegibilidade de Bolsonaro é uma vergonha?”.

Após as declarações de Silas Malafaia, Tarcísio de Freitas, em um evento da Galapagos Capital, ao ser questionado sobre 2026, afirmou que “não tem interesse na eleição de 2026”, afirmando que seu interesse “é fazer a diferença em São Paulo”. A declaração de Tarcísio pode ser vista como uma tentativa de “esfriar” as críticas que vem sofrendo nos bastidores do bolsonarismo raiz.

Nesse mesmo evento, Tarcísio relembrou sua participação como diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) no governo Dilma, afirmou que não tem queixas da ex-presidente, apenas “agradecimentos”.

O governador também elogiou Bolsonaro. De acordo com Tarcísio, o ex-presidente “sabe o carinho que eu tenho por ele. Temos uma grande amizade e tenho muita admiração e respeito por ele”.

Foto: Isadora de Leão Moreira/Governo de São Paulo

Diante da repercussão negativa da declaração sobre sua participação no governo Dilma entre os bolsonarista, Tarcísio, no evento realizado no sábado pelo Grupo Esfera, no Guarujá (SP), voltou a acenar a Jair Bolsonaro: “sou bolsonarista e vou continuar sendo. Sou conservador, liberal, e acredito em um Brasil que valoriza o mercado”.

As críticas a Tarcísio podem ser interpretadas como uma disputa interna no bolsonarismo pelo controle da sucessão na direita. Essa disputa precoce é consequência da inelegibilidade de Jair Bolsonaro, o que provocou uma pulverização de pré-candidaturas nesse campo. Além de Tarcísio, também estão no jogo os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil); e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD); além da ex-primeira-dama Michele Bolsonaro (PL).

Mesmo com Jair Bolsonaro inelegível, o bolsonarismo raiz lutará para viabilizar a candidatura presidencial de Bolsonaro, em 2026, repetindo o que o presidente Lula (PT) tentou em 2018, quando mesmo inelegível, tentou ser candidato.

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