A nova pesquisa Datafolha (19 e 20/03) reforçou o clima de divisão existente no país. O governo Lula é aprovado por 35% e desaprovado por 33%. Em relação a dezembro do ano passado, a aprovação caiu três pontos, enquanto a desaprovação subiu três, indicando que a fase de lua de mel do presidente Lula (PT) com a opinião pública esgotou-se.
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Em 2022, Lula venceu Jair Bolsonaro (PL) por 50,9% a 49,1% dos votos válidos. Se convertermos esses números em votos totais, Lula obteve 38,18% contra 36,97% de Bolsonaro. Os percentuais são similares à aprovação (35%) e desaprovação
(33%) captadas agora pelo Datafolha.
Outro aspecto a ser observado é que, em abril de 2020, Bolsonaro tinha 33% de aprovação e 38% de desaprovação. Praticamente no mesmo período de mandato, Lula registra 35% de aprovação e 33% de desaprovação. O desempenho positivo da economia tem sido, por ora, insuficiente para a quebra da polarização. A popularidade de Lula é sustentada majoritariamente por segmentos clássicos do lulismo: mulheres; renda mensal de até dois salários; e habitantes do Nordeste. O bolsonarismo, por outro lado, se concentra: entre homens; renda mensal acima de cinco salários; evangélicos; e habitantes das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Essa divisão sociodemográfica é muito similar à verificada nas eleições de 2022.
A incógnita é se a queda na popularidade de Lula está ligada a fatores conjunturais (como declarações erráticas em pautas de política externa, problemas na segurança pública, epidemia de dengue e aumento da inflação de alimentos) ou se existe uma insatisfação estrutural, já que a desaprovação ao governo cresceu entre a classe média e 58% avaliam que Lula fez menos do que o esperado.
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Nessa conjuntura polarizada, o capital político dos presidentes se reduz e o registro de governos com elevada popularidade, como ocorria no passado, não deve se repetir. Assim, Lula pode ficar “preso” na polarização, tendo que reforçar vínculos com o lulismo, já que o espaço para crescer fora da polarização é menor. Mesmo diante dessa dinâmica na opinião pública, Lula precisa do centro, que permanece como o fiel da balança.