Mesmo com sua delicada situação jurídica, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) demonstrou que parte de seu capital político se mantém preservado. Nesse domingo (25), os bolsonaristas lotaram a Avenida Paulista, em São Paulo (SP), no chamado “Ato pela Democracia”. O nome escolhido não foi casual. Representa uma tentativa de Bolsonaro de, utilizando a mobilização das ruas, se contrapor às investigações do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a tentativa de golpe de Estado nas eleições de 2022.
O ato político contou com a presença dos governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG) e Jorginho Mello (PL-SC), além de deputados federais e senadores. A significativa presença de seguidores sinaliza que Bolsonaro continua conseguindo mobilizar sua base social. Assim, ele permanece como um importante cabo eleitoral para as eleições municipais de outubro.
Ao confirmar que ainda é um líder com apelo popular, Jair Bolsonaro segue controlando a sucessão do futuro do bolsonarismo tendo em vista as eleições presidenciais de 2026. Não por acaso Tarcísio e Zema, apontados como potenciais presidenciáveis no campo da direita, estiveram presentes no evento.
A manifestação também mostrou que o bolsonarismo possui uma rápida mobilização, capacidade de organização e narrativa. Como consequência, Bolsonaro, mesmo inelegível, se mantém como o principal antagonista do presidente Lula (PT).
Também foi possível perceber que os presentes na Avenida Paulista eram, majoritariamente, bolsonaristas convertidos. Se, por um lado, isso é um indicativo importante de que Bolsonaro não perdeu a popularidade nesse nicho, de outro, revela que o avanço das investigações sobre ele e seus aliados políticos pode significar obstáculo para a conquista do eleitor não engajado.
Com esta manifestação, Bolsonaro cria um fato político, mostra força eleitoral, mas não muda sua situação jurídica.