A campanha de Bruno Covas à reeleição

Foto: Governo de São Paulo

Pré-candidato à reeleição, o prefeito Bruno Covas (PSDB) tem uma série de desafios pela frente até as eleições de outubro. Um deles é quem será o seu vice. 

O posto tende a ser bastante cobiçada, pois o vice de Covas – caso ele saia vitorioso nas eleições municipais de novembro – será um candidato natural em 2024, já que o prefeito não poderá disputar um novo mandato.

Mais do que isso, o vice poderia inclusive ocupar o cargo de prefeito já em 2022, pois caso se reeleja e o governador João Doria (PSDB) concorra ao Palácio do Planalto, Bruno Covas tende a ser um candidato natural ao Palácio dos Bandeirantes.

Vale recordar que em 2006, José Serra (PSDB), eleito prefeito em 2004 deixou o cargo e se elegeu governador. O mesmo ocorreu com Doria em 2018, quando deixou a Prefeitura, após ser vitorioso em 2016, para concorrer e se eleger governador.

O nome mais cotado hoje para a vice de Bruno Covas é do deputado federal Celso Russomanno (Republicanos-SP). Além de Russomanno aparecer bem posicionado nas pesquisas, ao atrai-lo Covas retiraria um forte oponente da corrida eleitoral. Mais: teria trânsito junto ao eleitorado conservador.

Porém, a decisão do diretório do Republicanos da capital paulista em lançar a pré-candidatura de Russomanno no último sábado (8) tende a enfraquecer a pretensão de Covas em tê-lo como parceiro de chapa.

Russomanno, caso concorra, irá para sua terceira disputa consecutiva. Tanto em 2012 quanto em 2016, após liderar a disputa eleitoral até a reta final, acabou ficando em terceiro lugar. Entretanto, mesmo com o lançamento de sua pré-candidatura, a possibilidade dele ser o vice de Covas não deve ser descartada.

Mas caso Russomanno vá para a disputa, uma opção de vice para Bruno Covas seria a ex-prefeita e ex-senador Marta Suplicy (SD), que também é pré-candidata. Se optar por Marta, Covas sinalizaria sua disposição em buscar o voto de centro-esquerda.

Vale lembrar que Marta Suplicy é um nome sonhado pelo ex-governador Márcio França (PSB). Ou seja, ao flertar com Marta, Bruno Covas enxerga a possibilidade de enfraquecer França.

Além de Russomanno e Marta, há no PSDB quem defenda uma chapa-pura. Nesse caso, a senadora Mara Gabrilli e o ex-deputado Ricardo Tripoli seriam as opções.

Por ser o atual prefeito, Covas é o alvo natural na campanha. Além da máquina municipal e o apoio do governador João Doria, ele tenta consolidar um amplo tempo de TV. Até o momento, o prefeito tem a maior coalizão, já tendo garantido o apoio do PSC, Podemos, Cidadania, DEM e PL.

A proximidade entre Covas e Doria deve ser atacada pelo ex-governador Márcio França (PSB). Nas eleições ao Palácio dos Bandeirantes, há dois anos, França perdeu o segundo turno para Doria. Porém, na capital, venceu Doria por 58% a 42% dos votos válidos.

Com apoio do PDT, França deve mirar o eleitor de centro-esquerda e manter uma porta aberta para a direita anti-Doria. Ao mesmo tempo, sinalizará para os policiais militares. Quando foi governador, após a renúncia de Geraldo Alckmin (PSDB) para concorrer ao Palácio do Planalto, Márcio França criou condecorações para policiais e escolheu uma ex-comandante da Polícia Militar (PM) Eliane Nikoluk (PL) como sua vice.

Vale registrar que o relacionamento com o governador João Doria poderá se transformar num problema para a campanha de Bruno Covas à reeleição. A prisão do secretário estadual dos Transportes, Alexandre Baldy, na semana passada, pela Operação Lava Jato, acabou respingando em Doria.

Antes do caso Baldy, Doria teve que trocar o ex-senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) e o ex-ministro Gilberto Kassab (PSD), que chegaram a ser anunciados para cargos no governo – Aloysio para a presidência da Invest SP e Kassab para a Casa Civil – após também serem alvos da Polícia Federal (PF).

Embora João Doria não tenha sido pessoalmente atingido, esses casos geram suspeitas sobre ex-integrantes de sua gestão com casos de corrupção. Não bastasse isso, os ex-governadores Geraldo Alckmin e José Serra foram denunciados recentemente pela Lava Jato.

Esses fatos combinados com o desgaste que Doria possui junto ao eleitorado da capital paulista, por ter renunciado ao cargo de prefeito para concorrer a governador em 2018, e a insatisfação do setor privado com as medidas restritivas adotadas por Bruno Covas são problemas adicionais para o prefeito gerenciar na busca pela reeleição. 

Manter o controle da capital paulista é estratégico para o PSDB, pois uma derrota poderá agravar a crise interna que atinge o ninho tucano, podendo comprometer tanto o projeto nacional da legenda como a manutenção do controle do Palácio dos Bandeirantes nas eleições de 2022.

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