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Pressionado a mudar política de preços, presidente da Petrobras pede demissão

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Presidente da Petrobras há pouco mais de dois meses, José Mauro Coelho, pediu demissão na manhã desta segunda-feira (20). De acordo com nota publicada pela estatal, a indicação de um presidente interino será examinada pelo Conselho de Administração da Petrobras. O governo já tem um substituto indicado: Caio Mario Paes de Andrade, que ainda precisa ser aprovado pelo conselho.

José Mauro Coelho estava sob pressão do governo e de uma ala do Congresso que pedem a alteração da política de preços da empresa, que iguala os preços internos do petróleo à cotação internacional. Com a guerra na Ucrânia e a cotação do Dólar, os preços dos combustíveis dispararam no Brasil.

Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro acusou José Mauro de estar boicotando o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, que indicou Caio Mario Paes de Andrade para substituí-lo. O objetivo da troca, segundo Bolsonaro, seria atender efetivamente o fim social da empresa. “O presidente da Petrobras e o diretor-executivo traíram o povo brasileiro. O lucro da Petrobras é uma coisa que ninguém consegue entender. É um estupro. Ela lucra seis vezes mais que a média das petrolíferas do restante do mundo”, argumentou.

Bolsonaro também defendeu, em entrevista a uma rádio de Natal (RN), que seja instalada no Congresso uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a diretoria da Petrobras. “Queremos saber se tem algo errado nessa conduta deles. É inconcebível conceder reajuste com o combustível lá em cima e com os lucros exorbitantes da Petrobras”, disse.

As críticas à estatal partem também do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que defendeu novas medidas para diminuir o preço dos combustíveis. Lira chegou a defender que a taxação do lucro da Petrobras seja dobrado de modo a custear um possível subsídio aos caminhoneiros e motoristas de aplicativo. Segundo ele, a ideia é propor uma forma de transferência diretamente “para quem mais precisa”, sem que o dinheiro passe pelo caixa do governo. Lira também repetiu que a Câmara vai discutir a política de preços e os lucros da empresa.

A pressão política se intensificou depois que a Petrobras anunciou, na sexta-feira (17) um reajuste no preço de venda do diesel e da gasolina para as distribuidoras. O preço médio de venda do diesel para as distribuidoras passou de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro – aumento de 14,2%. Já o preço médio de venda de gasolina foi de R$ 3,86 para R$ 4,06 por litro – aumento de 5,18%.

“A companhia tem buscado o equilíbrio dos seus preços com o mercado global, mas sem o repasse imediato para os preços internos da volatilidade das cotações internacionais e da taxa de câmbio. Esse posicionamento permitiu à Petrobras manter preços de GLP estáveis por até 152 dias; de diesel por até 84 dias; e de gasolina por até 99 dias”, publicou a estatal em nota.

O presidente da Câmara categorizou como insensível a decisão da Petrobras de aumentar o preço da gasolina e do diesel logo após a aprovação do PLP 18, que limita o ICMS sobre energia e combustíveis. Ele atacou a decisão do presidente da estatal, José Mauro Ferreira Coelho, que na ocasião ainda não havia renunciado ao cargo, e o chamou de “presidente demitido”.

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