Desde o seu início em março de 2018, a guerra comercial entre a China e os EUA teve implicações significativas para o comércio ao redor do mundo. Enquanto se aguarda a próxima reunião entre Donald Trump e Xi Jinping traga progresso na resolução da guerra comercial, alguns países estão considerando as oportunidades econômicas da guerra comercial – pelo menos no curto prazo. No Brasil, a guerra comercial abriu espaço para que fornecedores dos mesmos itens possam conquistar uma nova fatia dos mercados americanos e chineses.
No mercado americano, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) identificou um potencial aumento nas vendas do Brasil para EUA de até US$ 4,25 bilhões numa lista de 34 produtos impactados pela guerra comercial. A lista de produtos inclui ferro, aço, plástico, madeira, calçados, têxteis e alimentos como pera e frutas secas. Em 2018, o Brasil exportou US$ 28,7 bilhões para os Estados Unidos. Se aproveitadas totalmente as oportunidades abertas – ou seja, os US$ 4,25 bilhões – o incremento nas vendas para os norte-americanos poderá somar cerca de 15%.
A guerra comercial também trouxe oportunidades econômicas para produtos brasileiros no mercado chinês. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que as vendas brasileiras ao exterior passaram de US$ 22,589 bilhões em 2017 para US$ 30,706 bilhões no ano passado. O principal impacto da guerra comercial no Brasil foi o aumento das exportações para a China – em especial no caso da soja: produtores chineses compraram no ano passado US$ 7 bilhões a mais que em 2017. Embora existam potenciais benefícios a curto prazo, a CNI tem o cuidado de salientar que a guerra comercial prejudicaria a economia a longo prazo.
Pelo Twitter, Trump afirmou que as equipes dos dois países terão negociações prévias durante a reunião do G20 e informou que já manteve uma “boa conversa” telefônica com Xi. O Fundo Monetário Internacional (FMI) advertiu neste mês que esta guerra comercial poderá reduzir em 0,5% o crescimento da economia mundial em 2020, o equivalente a US$ 455 bilhões.