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A disputa triangular pelo Palácio dos Bandeirantes – Por Carlos Eduardo Borenstein

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Diferentemente de outras eleições estaduais, que estão sendo marcadas por um cenário de polarização, a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes aponta um padrão triangular. Embora o ex-governador Márcio França (PSB) ainda figure como pré-candidato, cresce a possibilidade de ele recuar em favor de uma aliança com o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), que hoje lidera as pesquisas.

Confirmando a desistência de França, três polos serão os protagonistas em São Paulo (SP): Haddad, que aposta em seu vínculo com o ex-presidente Lula (PT) e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB-SP), o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), que representa o bolsonarismo na eleição, e o governador Rodrigo Garcia (PSDB).

Ao que tudo indica, sem Márcio França na disputa, o que removeria uma segunda opção no campo da centro-esquerda para o eleitorado paulista, Fernando Haddad deve estar no segundo turno.

Conforme podemos ver na tabela abaixo, quando França não figura na simulação, Haddad dispara na liderança. A grande incógnita é quem será seu adversário, que sairá de uma acirrada disputa entre Tarcísio de Freitas e Rodrigo Garcia, que estão tecnicamente empatados em segundo lugar.

CANDIDATOSCENÁRIO 1 (%)CENÁRIO 2 (%)
Fernando Haddad (PT)3428
Márcio França (PSB)16
Tarcísio de Freitas (Republicanos)1312
Rodrigo Garcia (PSDB)1310
Gabriel Colombo (PCB)32
Felício Ramuth (PSD)22
Altino Junior (PSTU)21
Vinícius Poit (Novo)11
Abraham Waintraub (Brasil 35)11
Elvis Cezar (PDT)11
Brancos/Nulos/Indecisos2925

*Fonte: Datafolha (28 a 30/06)

Como os demais pré-candidatos têm baixa intenção de voto, é improvável que tenhamos o surgimento de uma surpresa na eleição em SP. Outro aspecto importante é a existência de muitos votos em disputa. No cenário estimulado, temos cerca de 1/3 do eleitorado localizado entre brancos, nulos e indecisos. E na menção espontânea, os indecisos somam 72%.

Representantes da polarização nacional entre o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), Fernando Haddad e Tarcísio de Freitas tentarão nacionalizar o debate estadual, pois interessa para ambos reproduzir o debate do lulismo contra o bolsonarismo em SP.

Rodrigo Garcia, por sua vez, adotará outra estratégia. A partir da adoção de uma marca própria para seu governo, já que, até abril, o estado era governado por João Doria (PSDB), Garcia, ancorado na força da máquina, na relação com os prefeitos e na estrutura partidária e financeira do PSDB paulista, buscará estadualizar o debate se apresentando como uma alternativa ao lulismo e o bolsonarismo.

De acordo com o Datafolha, o governo Rodrigo Garcia é avaliado positivamente (ótimo/bom) por 24% dos entrevistados. Ou seja, Garcia ainda está 11 pontos percentuais abaixo do teto de intenção de voto que poderá chegar. A avaliação negativa (ruim/péssimo), por outro lado, é de apenas 15%. A maioria dos entrevistados (47%) tem uma avaliação regular da administração estadual. E 14% não souberam responder.

O alto percentual de avaliação regular e dos que não souberam responder tem relação com o baixo conhecimento do nome de Rodrigo Garcia. Assim, o governador aposta que, a partir do momento em que se tornar mais conhecido, poderá crescer nas pesquisas.

Apesar de ter uma vaga bem encaminhada no segundo turno, Fernando Haddad é o pré-candidato mais rejeitado (35%). Em seguida aparecem França (20%), Tarcísio (16%) e Garcia (16%).

A eleição em SP, principalmente a disputa entre Rodrigo Garcia e Tarcísio de Freitas, promete ser bastante acirrada. Haddad torce que seu adversário no segundo turno seja Tarcísio para que, a partir da nacionalização da disputa, o ex-prefeito coloque no colo do ex-ministro a rejeição do governo Bolsonaro. Aliás, não é por acaso que Tarcísio tem buscado não ser um bolsonarista raiz, sinalizando ao centro.

Porém, caso o adversário de Haddad seja Rodrigo Garcia, o antipetismo poderá pesar contra o ex-prefeito, já que como Garcia não é bolsonarista, ficará difícil para Haddad nacionalizar o debate. Além disso, parte da direita conservadora, mesmo que tenha resistências ao PSDB, tenderia a optar por Garcia contra Haddad.

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