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Propaganda partidária: quem se beneficia? – Análise

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O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou em janeiro o tempo de propaganda partidária a que cada legenda terá direito ao longo deste primeiro semestre tendo em vista as eleições gerais em outubro. A data de início da propaganda ainda não está definida. A tendência é que comece em março. No total, serão 305 minutos de tempo de TV divididos entre 23 partidos.

Os partidos mais beneficiados, que terão à sua disposição 40 minutos de tempo de TV, totalizando até 40 inserções cada um, são: DEM, MDB, PDT, PL, PP, PSB, PSD, PSDB, PSL, PT e Republicanos.

PCdoB, Podemos, PSOL, SD e PTB terão à sua disposição 10 minutos cada um, totalizando até 20 inserções por partido. Já Avante, Novo, Patriota, Cidadania, PROS, PSC e PV contarão com um total de 5 minutos cada um, totalizando até 10 inserções por partido.

A propaganda partidária servirá para as siglas exporem perante a opinião pública seus pré-candidatos à Presidência, aos governos estaduais e para 1/3 do Senado (27 vagas).

A propaganda será fundamental principalmente para os partidos da chamada “terceira via” tentarem alavancar seus nomes na corrida presidencial. Hoje, as intenções de voto estão polarizadas entre o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), os quais, além de serem os nomes mais conhecidos, possuem militância mobilizada e engajada.

Entre os nomes da terceira via, a propaganda partidária poderá beneficiar sobretudo o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e os senadores Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Simone Tebet (MDB-MS), que pertencem a partidos com maior tempo na TV.

No entanto, vale destacar que o PT e o PL, partidos, respectivamente, de Lula e Bolsonaro, também terão uma robusta exposição. O ex-ministro Sergio Moro (Podemos), embora com menos tempo de TV que Bolsonaro, Lula, Doria, Ciro, Pacheco e Simone, integra uma sigla que terá o segundo maior tempo de propaganda gratuita.

Vale registrar que legendas como PP e Republicanos devem utilizar a propaganda também para se associar à campanha de Bolsonaro. O mesmo farão PSB e PCdoB em relação a Lula.

Mais importante que o número de minutos de propaganda é o modo como os partidos e seus pré-candidatos utilizarão esse tempo na TV. Não basta dispor de um robusto tempo de propaganda partidária. É preciso que a leitura do cenário político/eleitoral e a estratégia de comunicação estejam conectadas com os anseios do eleitorado. Outro papel crucial da propaganda partidária é o de mobilizar e municiar a militância dos partidos e dos candidatos com argumentos que serão repetidos nas ruas e nas redes sociais para conquistar a opinião pública.

O grande objetivo dos partidos com aspirações presidenciais é repetir o “fenômeno Roseana Sarney”, ocorrido em 2002. Na época filiada ao PFL e governadora do Maranhão, Roseana, através da propaganda partidária, alavancou a sua pré-candidatura, assumiu a vice-liderança da disputa e chegou a empatar com o então candidato Lula, que acabaria vencendo a eleição nas simulações de segundo turno. Ela acabou não concorrendo por denúncias envolvendo sua gestão no Maranhão.

A meteórica ascensão de Roseana selou, na época, o divórcio da aliança entre o PSDB e o PFL em torno do governo tucano de FHC. Em meio ao crescimento da candidata nas pesquisas, uma operação da Polícia Federal de combate à corrupção nas empresas do marido de Roseane atingiu em cheio a então governadora, que acusou o pré-candidato do PSDB, José Serra, e o Palácio do Planalto de estarem por trás do episódio. No final, Roseana desistiu da candidatura. O PFL apoiou informalmente Ciro Gomes (então no PPS) no primeiro turno e Lula derrotou Serra no segundo turno.

Em 2014, quem particularmente se beneficiou da propaganda partidária foi o então senador Aécio Neves (PSDB), candidato ao Palácio do Planalto. Apesar de acabar perdendo a eleição para a então presidente Dilma Rousseff (PT), que foi reeleita, a propaganda partidária foi determinante para que ele se tornasse mais conhecido nacionalmente e crescesse nas pesquisas.

Com as atenções do mundo político no país voltadas para o processo sucessório deste ano, o retorno da propaganda partidária trará, como consequência, uma precipitação do debate eleitoral. Com a eleição entrando com maior antecedência na agenda dos eleitores, principalmente através das inserções na TV, eles serão impactados pelas mensagens que os partidos divulgarão e poderão influir no clima da opinião pública a tempo de alterar tendências hoje apontadas pelas pesquisas.

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