Início » Brasil aderiu a 7 dos 71 instrumentos da OCDE sobre meio ambiente

Brasil aderiu a 7 dos 71 instrumentos da OCDE sobre meio ambiente

A+A-
Reset
EconomiaInternacionalUrgente

A entrada do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) vai depender da capacidade do país de aderir aos instrumentos jurídicos, as “leis internas”, que guiam a organização.

O convite para que o Brasil e outros cinco países iniciem as discussões de adesão à entidade foi formalizado na última terça-feira (25/1).

Segundo a entidade, o Brasil já aderiu formalmente a 103 dos 251 instrumentos normativos, tendo avançado bastante nos temas de agricultura (6 dos 7 instrumentos) e anticorrupção (15 de 20), por exemplo. Contudo, o Brasil vai precisar de um esforço extra para preencher os requisitos de um dos temas exigidos pela organização: o meio ambiente. Dos 71 instrumentos que tratam do assunto, apenas 7 já contaram com a adesão do Brasil. (Veja gráfico abaixo)

O Brasil também já pediu, em 2017, que seja considerada a adesão a outros 30 instrumentos, mas, por enquanto, a OCDE não considerou que o avanço foi suficiente.

A organização internacional tece críticas duras ao Brasil por conta dos altos índices de desmatamento. Com base em dados do INPE, destaca que, desde 2015, a destruição da vegetação nativa tem crescido, atingindo seus maiores picos entre 2019 e 2020, os dois primeiros anos do governo Bolsonaro. O desmatamento em áreas de conservação cresceu mais de 40% nesses anos, em comparação com o período anterior.

Contudo, esse não é o único problema ambiental que a OCDE demanda que o Brasil resolva. Há também questões políticas e tributárias, ligadas principalmente ao incentivo aos combustíveis fósseis e aos agrotóxicos.

OCDE: quem polui tem que pagar

Entre os instrumentos jurídicos que o Brasil ainda não aderiu, está o mais antigo da OCDE que trata do meio ambiente, os “Princípios Orientadores sobre Aspectos Econômicos Internacionais de Políticas Ambientais”, publicado em 1972. A recomendação trata da redução da poluição e da definição de regras internacionais para o tratamento de produtos que geram dano ao meio ambiente.

Nesse instrumento, a OCDE demanda a efetiva aplicação do princípio do “poluidor-pagador”, que deposita em quem polui os custos de reparação do problema gerado. De acordo com o governo, esse é um ponto complexo por exigir grandes reformas para reduzir subsídios para atividades ambientalmente prejudiciais.

Na teoria, esse conceito se tornou regra no Brasil a partir da lei que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente, em 1981. A OCDE até reconheceu que o Brasil avança nesse requisito ao taxar alguns produtos que geram degradação ambiental. Contudo, também destaca que o país oferece grande apoio para a produção de produtos danosos ao meio ambiente, como combustíveis fósseis e agrotóxicos.

Saiba mais:

Em análise publicada no ano passado, a OCDE criticou nominalmente o Repetro. O programa suspende tributos federais de forma a incentivar que as empresas comprem ou importem matérias-primas e insumos usados na indústria de petróleo e gás natural.

De acordo com um estudo da OCDE, além de estimular o uso de combustíveis fósseis, o Repetro gerou um custo de R$ 10 bilhões ao governo federal só em 2020.

O órgão também reclama que o Brasil fornece linhas de crédito generosas para a produção e aquisição de agrotóxicos. “O apoio direto aos pesticidas encoraja o uso ineficiente e o consumo excessivo desses produtos, que vai além na necessidade legítima de enfrentar epidemias de pragas em um país tropical como o Brasil”, diz a avaliação da OCDE. O órgão não deixa toda a responsabilidade sobre o governo federal – critica também benefícios concedidos pelos governos estaduais aos produtores de pesticidas.

A OCDE cita um estudo do Tribunal de Contas da União (TCU) que mostra que o governo brasileiro deixa de arrecadar R$ 1 bilhão por ano por conta de incentivos à indústria de pesticidas.

Eficiência energética

O Brasil também não aderiu à recomendação que obriga os países a estabelecer mecanismos de alerta internacional sobre a fontes de poluição que podem afetar outros países — a “poluição transfronteiriça”.

Também está pendente a adesão a instrumentos que tratam de eficiência energética, mineração de carvão e produção de petróleo, com vistas à preservação do meio ambiente. A OCDE pede, por exemplo, maior eficiência na produção e uso de energia, com o aproveitamento do calor residual da geração de eletricidade e produção de vapor para uso industrial, comercial ou residencial.

Para diminuir a poluição no transporte, a OCDE orienta que sejam aplicadas medidas de incentivo à correta manutenção dos veículos e ao uso de combustíveis menos poluentes e mais eficientes sempre que tecnológica for economicamente viável. A OCDE cita o gás liquefeito de petróleo e gás natural comprimido como alternativas. Recomenda também que seja incentivado o uso do transporte público. Todos esses fatores precisam ser medidos por pesquisas que possam comprovar melhora ou piora dos indicadores.

Instrumentos que o Brasil já aderiu 

Dos sete instrumentos da OCDE na área ambiental que o Brasil já aderiu, três dizem respeito ao banimento de produtos químicos tóxicos, como a “Declaração sobre Redução de Risco para Chumbo”, e uma recomendação quanto ao intercâmbio de informações entre países sobre a exportação de “produtos químicos proibidos ou severamente restritos”.

Todo o conjunto de considerações da OCDE sobre a atuação do Brasil na área do meio-ambiente podem ser encontradas no relatório (em inglês), “Evaluating Brazil’s progress in implementing Environmental Performance Review recommendations and promoting its alignment with OECD core acquis on the environment”.

Meio AmbienteOCDE

Usamos cookies para aprimorar sua experiência de navegação. Ao clicar em "Aceitar", você concorda com o uso de cookies. Aceitar Saiba mais