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O impacto da vitória de Boric na América Latina — por Hélio Araújo

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A direita pode estar vivendo seus últimos suspiros no governo dos países latino americanos. Desde 2020, com a pandemia da Covid-19 e outras crises de cunho social, os partidos desse espectro acabaram enfraquecidos popularmente e com pouco prestígio entre a elite, que novamente, aposta na esquerda para retomar o crescimento em seus territórios.

A vitória de Gabriel Boric (Convergência Social) no Chile representa uma renovação do discurso esquerdista e uma possibilidade de retorno às pautas sociais defendidas pelas esquerdas.

Em alguns aspectos, o Chile passou por um cenário político semelhante ao que vive hoje o Brasil, principalmente no que diz respeito à alta polarização. Boric representava a esquerda e José Antonio Kast ( Partido Republicano), a direita. A adesão às eleições chilenas, ocorrida no dia 19 de dezembro, foi a maior dos últimos 30 anos, segundo o Servel (Serviço Eleitoral do Chile). Com 8,3 milhões de votos ao total, Gabriel Boric foi eleito presidente, com 55,9% dos votos (4,6 milhões de votos), contra 44,1% de Kast (3,6 milhões de votos). Foi o presidente eleito com mais votos e mais jovem (35 anos), da história do Chile.

Boric, presente de maneira constante nos fortes protestos de 2019, defende um Estado que atenda especialmente às pautas feminista, ambientalista e regionalista, além de defender a realização da Assembleia Constituinte.

A volta da esquerda a um país, considerado “bom economicamente”, acende um sinal de alerta para direita brasileira e injeta mais força na retomada de discursos esquerdistas em toda a América Latina. No Brasil, principalmente, já que o PT, principal partido do espectro, sonha com a volta de Lula ao Planalto, e recebeu o resultado chileno como um prenúncio do impacto que o resultado pode causar nas eleições do Brasil.

A cientista política e jornalista Deysi Cioccari, em entrevista a jornal O Povo, fez uma interessante análise sobre a relação Chile x Brasil: “Bolsonaro se isola no cenário internacional e pré-eleitoral, não constrói apoiadores e vê a esquerda tornando-se referência novamente. Enquanto isso, o presidente eleito já foi cumprimentado pelos quadros de esquerda brasileiros e não pelo atual presidente, o que mostra claramente o que deve vir em relação ao cenário internacional. É mais um ‘pôr à prova’ a diplomacia brasileira. Boric não tem uma relação estreita com militares, o que distância ainda mais de Bolsonaro”.

Ainda é preciso esperar as próximas cenas desse grande capítulo, que são as eleições brasileiras, mas já vemos um cenário se formando.

Repercussão econômica

A vitória de Boric também poder ter repercussões econômicas diretas. O Cobre é principal produto da economia chilena, correspondendo a cerca de 50% das exportações do país, sendo que um terço da produção mundial é concentrada no Chile. A estatal Codelco é a maior mineradora do país, além de possuir outras várias empresas privadas, estrangeiras e nacionais.
Um metal de transição maleável, dúctil e com resistência à corrosão, o cobre, é um excelente condutor de energia elétrica, importante especialmente para a construção civil.

No Chile, a extração de cobre foi parcialmente privatizada, o que levou a um grande desenvolvimento no Chile, mas como todo o continente americano, não é suficiente para sanar a desigualdade no país.

O presidente eleito, Gabriel Boric, durante sua campanha, disse que realizará uma reforma previdenciária para mudar o sistema de capitalização atual, e outra tributária, cobrando mais impostos sobre os ricos. Disse também que vai fornecer subsídios para a Codelco.


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