Os Estados Unidos adiaram para o dia 19 de fevereiro a implantação da tecnologia 5G no país. A medida veio depois que companhias aéreas estadunidenses ameaçaram processar as operadoras de telefonia AT&T e Verizon, para pressionar pelo adiamento.
As companhias aéreas afirmam que existe a possibilidade do serviço de 5G interferir nos dispositivos a bordo de aeronaves, especialmente os medidores de altitude, que calculam a distância do avião em relação ao solo e ajudam em pousos com baixa visibilidade. Esses equipamentos usam frequências próximas ao 5G, o que poderia “confundir” e atrapalhar o funcionamento.
Por causa dessa dúvida, o setor pediu mais tempo para estudar as chances de intervenção do 5G na área. Durante essas duas semanas, as alterações feitas, em especial, nas instalações dos aeroportos, precisarão ser revistas pela autoridade reguladora da aviação federal dos Estados Unidos, a FAA (na sigla em inglês).
As bandas de frequência de 3,7 GHz a 3,8 GHz foram concedidas à AT&T e à Verizon em fevereiro, depois de uma oferta bilionária. Diante das preocupações com possíveis problemas de interferência, a FAA também emitiu novas regras que limitam o uso desses aparelhos em aviões, em determinadas situações.
Em conversa com a agência AFP, uma porta-voz da AT&T confirmou que um acordo foi firmado com o Departamento dos Transportes e que “se aceitou duas semanas a mais para a implantação do serviço”. As duas operadoras “concordam em não implantar a tecnologia 5G em 5 de janeiro, ou seja, na quarta-feira, mas em 19 de janeiro”, disse outro funcionário da indústria aérea.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, saudou o acordo entre operadoras de telefonia móvel e reguladores do país que permitirá a implantação de um nova tecnologia 5G em duas semanas, evitando uma crise de segurança da aviação.
Brasil também avalia interferência
No Brasil, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e a Embraer estão conduzindo um estudo para avaliar riscos, mas, aqui, a frequência é mais distante dos dispositivos aéreos o que, segundo a Agência, daria uma segurança maior. Devido ao estudo, o lançamento do 5G foi adiado até segunda ordem.
A Embraer informou, em nota enviada à Anatel, que a Superintendência de Outorga e Recursos à Prestação (SOR) está avaliando os questionamentos apresentados e solicitou autorização para realizar ensaios em voos e em solo para verificar possíveis interferências na segurança das operações nos aeroportos e aterrissagens que são guiadas por aparelhos.