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Alimentado pelo confronto – Cristiano Noronha

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A vitória do presidente Jair Bolsonaro em 2018 foi resultado de um desencanto geral com a política. Nesse aspecto, a operação Lava-Jato teve um papel importante. Jair Bolsonaro passou a simbolizar, para muitos, a antítese da velha política. Apesar de ser um dos principais alvos da Lava-Jato, o PT não sofreu tanto. O candidato do partido a presidente da República em 2018, Fernando Haddad, usou e abusou das imagens do ex-presidente Lula e acabou tendo uma votação expressiva, tanto no primeiro turno (29,28%) quanto no segundo (44,87%). Já o PSDB amargou sua pior performance desde 1994. Na eleição de 2018 obteve apenas 4,76% dos votos válidos. Além do desgaste sofrido pelo candidato Aécio Neves, o partido estava “mal acompanhado” pelo Centrão. Bolsonaro apostou no antiestablishment e venceu. Quem não se lembra de ter ouvido, ainda no período de campanha, o general Augusto Heleno cantando: “Se gritar pega Centrão, não fica um meu irmão”? Ao longo da sua gestão, porém, Bolsonaro percebeu que o modelo de negociação que ele pretendia estabelecer com o Congresso, dialogando com as bancadas suprapartidárias, não estava funcionando. Teve que mudar.

A aproximação de Bolsonaro com o Centrão frustrou parte de seu eleitorado. Não teve jeito, era uma questão de sobrevivência política.

A mudança, além da necessidade de avançar com sua pauta econômica no Congresso, tinha o objetivo de evitar qualquer risco à conclusão do seu mandato. A apresentação de pedidos de impeachment contra o presidente batia recorde e sua popularidade estava em queda. Não apenas por erros da sua gestão, mas também por conta dos efeitos sociais e econômicos causados pela pandemia. A aproximação de Bolsonaro com o Centrão frustrou parte de seu eleitorado. Não teve jeito, era uma questão de sobrevivência política. Para reduzir potenciais danos e manter a narrativa de presidente antiestablishment, Jair Bolsonaro tem insistido na estratégia do confronto. As críticas feitas ao TSE, ao STF e à imprensa, de uma forma geral, mantêm a base bolsonarista ativa e mobilizada.

A Câmara rejeitou a proposta de emenda à Constituição que pretendia instituir o voto impresso. Arthur Lira, declarou que espera, a partir daí, uma pacificação. Não é o que deve acontecer. Até as eleições de outubro de 2022, veremos o ambiente aquecido e propício a novos embates. Bolsonaro alimenta sua base por meio do conflito, do confronto. E, dependendo do resultado de 2022, essa tensão poderá se estender. Apesar do clima beligerante, não vejo espaço para retrocessos. Há muito mais retórica, de todos os lados, do que risco efetivo e real à nossa jovem democracia.


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