A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a IndustriALL-Brasil, entidades patronal e trabalhista da indústria, respectivamente, divulgaram nota na qual solicitam maior análise sobre a Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul e a proposta de negociações individuais dos membros do bloco com outros países.
Segundo a nota, o Mercosul atravessa um momento difícil ao completar o seu trigésimo aniversário. Para além, dos impactos socioeconômicos da pandemia, somam-se a divisão dos países do bloco em questões estratégicas; a revisão ou redução da TEC; e a negociação de acordos comerciais individualmente – impasse que é agravado tendo em mente que há parceiros que descumprem os padrões trabalhistas e ambientais necessários. Posicionamento das entidadesA redução de tarifas de forma unilateral no momento atual contribuiria para reforçar a competição desigual existente pelo não equacionamento de questões estruturais de competitividade no Brasil, de acordo com as entidades. As negociações individuais de acordos comerciais, por sua vez, apontam para dois problemas: a perda do poder de barganha em negociações e enfraquecimento do bloco de modo geral; e o risco da abertura para mercados de práticas desleais e que ameacem efetivamente a produção e o emprego no Brasil. A CNI e a IndustriALL-Brasil afirmam que essas ações acentuariam a integração internacional brasileira por meio de produtos de baixo valor agregado, além de afetar os setores em que as empresas brasileiras estão mais inseridas na região, a exemplo de aço, máquinas, automotivo e fármacos. As entidades defenderam na nota que é preciso reverter a trajetória de desindustrialização para garantir a inserção da economia brasileira em atividades de maior valor agregado e teor tecnológico, o que levará a criação de mais empregos qualificados e com melhor remuneração. Crítica à posição do governoA nota divulgada também apontou que a posição do governo brasileiro sobre essas questões está sendo consolidada há quase dois anos sem a realização de consultas com representações do setor industrial ou sequer a apresentação de análises de impacto bem embasadas. As duas entidades solicitam ainda que o governo brasileiro interrompa o seu posicionamento sobre esses temas e proponha na próxima reunião de ministros do Mercosul uma análise mais profunda sobre a TEC e a negociação com países de fora do bloco, incluindo o diálogo com as representações sindicais e empresariais do Brasil. |