Trazido do DEM para o PSDB pelo governador João Doria, o vice-governador Rodrigo Garcia anunciou, na semana passada, que é pré-candidato ao Palácio dos Bandeirantes em 2022. Garcia defendeu a realização de prévias caso outro tucano também se apresente para disputar o cargo. A tendência é que Garcia tenha o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) como seu adversário.
O vice-governador tem o apoio de Doria, que planeja deixar o cargo em abril de 2022 para disputar à Presidência da República se vencer as prévias nacionais do PSDB. Alckmin, por sua vez, pressiona nos bastidores para que o partido realize prévias. Ao mesmo tempo, o ex-governador negocia com outras legendas, e uma saída do PSDB não deve ser descartada.
Após a saída de Garcia do DEM, o presidente nacional da legenda, ACM Neto, convidou Geraldo Alckmin para ser candidato. O PSB também mantém um diálogo permanente com o ex-governador. Além do DEM e do PSB, o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, também cobiça a filiação de Alckmin.
Em meio a pressão de Alckmin, a cúpula do PSDB paulista montou uma estratégia para aproximar o vice-governador da militância enquanto ele intensifica a agenda de viagens pelo interior paulista e recebe prefeitos em audiências no seu gabinete.
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Desde janeiro, cerca de 250 prefeitos foram recebidos por Rodrigo Garcia em São Paulo (SP) e ele visitou 18 municípios. Garcia também poderá se beneficiar do aumento da vacinação no Estado. Na semana passada, em suas redes sociais, o governador João Doria anunciou que toda a população adulta de SP estará vacinada até 31 de dezembro.
Principal aposta de Doria desde o início da pandemia, a vacina também será um importante ativo eleitoral para Garcia nas prévias tucanas. Como o diretório de SP é controlado por João Doria – o presidente do PSDB paulista é Marco Vinholi, secretário estadual de Desenvolvimento Regional – o vice-governador tem uma leve vantagem nessa disputa interna.
Porém, Geraldo Alckmin possui grande prestígio junto a militância do PSDB, sobretudo no interior do Estado, onde o ex-governador é mais forte. Mesmo que venha a ser derrotado, existe a possibilidade de Alckmin deixar o PSDB e ser candidato a governador por outra legenda, o que complicaria o projeto eleitoral de Garcia.
Para evitar esse racha, poderá ser proposto um acordo para que Alckmin seja candidato ao Senado na chapa de Garcia. Porém, para que isso ocorra, o senador José Serra (PSDB-SP), que renova seu mandato em 2022, precisaria desistir da reeleição.