Seis meses após ter sido lançado, o PIX, ferramenta do Banco Central (BC) que permite transferências e pagamentos instantâneos, soma mais de R$ 1 trilhão em transações — valor comparável ao Produto Interno Bruto de países como Portugal, Grécia e Slováquia, por exemplo.
O PIX, segundo o BC, foi construído para democratizar o acesso a meios de pagamentos eletrônicos, impulsionar a eletronização dos pagamentos e alavancar a competitividade e a eficiência do mercado. De acordo com a instituição, desde a sua criação, o Banco Central já registrou mais de 242 milhões de chaves cadastradas, sendo 83 milhões de usuários pessoas físicas e mais de 5,5 milhões de empresas. As transações (1,547 bilhões) já foram responsáveis pela movimentação de mais de R$ 1,109 trilhões.
Também segundo o BC, aproximadamente 75 milhões de brasileiros já usaram o sistema, seja para pagar ou receber. Em abril, a quantidade de PIX superou a quantidade de TED, DOC, cheque e boleto somados.
Na visão de Marcelo Godke, advogado especialista em Direito Empresarial e Societário, professor do Insper, da FAAP e sócio do escritório Godke Advogados, o PIX, a partir de todos os dados mencionados, tende a diminuir o uso de papel moeda no Brasil — e, no futuro, até extingui-lo.
“Está havendo uma desmaterialização do dinheiro; o Pix contribui para essa mudança. No futuro, é provável que nós não usemos mais o papel moeda. Todavia, a substituição completa do dinheiro físico ainda deve demorar no Brasil – já que boa parte da população ainda é muito ligada a essa forma monetária. Dessa forma, acho difícil fazermos uma previsão, mas não acredito que o papel moeda desapareça do cotidiano do brasileiro no curto prazo”, afirmou à Arko Advice.
“A Suécia está próxima de substituir o dinheiro físico. Todavia, os suecos tem uma realidade muito diferente da nossa: grande parte de sua população é bancarizada, o país é pequeno e a taxa de criminalidade é menor. Se mesmo eles, com todas essas mudanças, ainda estão no processo, imagine no Brasil? Nos Estados Unidos? Vai demorar um bom tempo”, concluiu.
O PIX foi lançado em novembro de 2020, mas iniciou o ano de 2021 com novidades: em 14 de maio, foi lançado o PIX Cobrança, com foco em pagamentos com vencimento, que possibilita o cálculo automático de multa e juros ou descontos para pagamentos antecipados.
Semelhante ao boleto bancário, a nova ferramenta permite o pagamento imediato a empresas e prestadores de serviços por meio do código QR (versão avançada do código de barras).
Todavia, por enquanto, o serviço não permitirá agendar vencimentos futuros. Alegando necessidade de tempo para as instituições financeiras se adaptarem, o BC adiou o agendamento para datas futuras. Essa funcionalidade só entrará em vigor em 1º de julho.