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Carlos Borenstein: Movimentos erráticos enfraquecem Doria e criam obstáculos internos

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Em meio ao racha no DEM, que deve provocar a saída do ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ) da legenda, após embates com o presidente nacional da sigla, ACM Neto, e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), fez uma série de movimentos que trouxeram como consequência uma divisão do PSDB e o lançamento da pré-candidatura do governador do Rio Grande do Sul (RS), Eduardo Leite (PSDB), ao Palácio do Planalto.

O lançamento de Leite foi uma reação a ofensiva realizada por Doria para filiar Maia e o vice-governador Rodrigo Garcia (DEM), que assumirá o cargo caso Doria renuncie ao cargo em abril de 2022 para concorrer à Presidência da República, ao PSDB

Além da intenção de atrair o grupo de Rodrigo Maia, João Doria passou a defender o afastamento do deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) do partido, assim como deu início a uma articulação para assumir o comando nacional do PSDB.

O brusco movimento de Doria gerou uma forte reação dos tucanos históricos, que articularam a prorrogação do mandato de Bruno Araújo (PSDB-PE) na presidência nacional do partido por mais um ano.

A divisão no PSDB combinado com o racha no DEM impõe importantes obstáculos a construção de uma opção de centro anti-bolsonarista para as eleições de 2022. Aliados na política nacional desde 1994, existe o risco da aliança nacional entre PSDB e DEM não se reproduzir ano que vem.

A partir da cisão no DEM, consequência da saída de Rodrigo Maia e seu grupo, o partido deverá se aproximar ainda mais do governo Jair Bolsonaro. O PSDB, por sua vez, viverá o embate entre João Doria x Eduardo Leite pela candidatura presidencial.

Apesar de Doria ter adquirido uma projeção nacional a partir da aposta que faz na Coronavac, mostrou pouca habilidade política em querer “tomar” o PSDB para ele, o que gerou uma forte reação dos tucanos históricos. Vale lembrar que Doria, apesar de ter nacionalizado seu nome, está longe de seu uma unanimidade em seu partido.

As reações a Doria também são registradas em São Paulo. Aliados do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) se movimentam para que ele concorra novamente ao Palácio dos Bandeirantes. A intenção de lançar Alckmin poderá criar obstáculos para os planos de João Doria em patrocinar a candidatura do vice-governador Rodrigo Garcia em 2022.

Como o diretório paulista é controlado por Doria, através de Marco Vinholi, secretário estadual de Desenvolvimento Regional, que também preside o PSDB no Estado, há mais espaço para o governador tentar conter a articulação em favor de Alckmin.

Aliados de Geraldo Alckmin também citam os nomes dos prefeitos Duarte Nogueira (Ribeirão Preto) e Orlando Morando (São Bernardo do Campo) como potenciais candidatos a governador. Por trás disso está o desejo de impor obstáculos ao projeto de Doria de emplacar Rodrigo Garcia.

Caso Garcia se filie ao PSDB, como se cogita, a tendência é que ele seja o candidato tucano. No entanto, teria um vice também do PSDB: o presidente da Assembleia, Cauê Macris e a secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen, que é filiada ao partido mas deve ingressar no PSDB, estão entre as alternativas.

Apesar da influência que João Doria possui no diretório de São Paulo, seus movimentos equivocados da semana passada acabaram impondo obstáculos internos no PSDB. Apesar de Doria ser um nome forte para a sucessão presidencial de 2022, os tucanos anti-Doria colocaram no tabuleiro o nome do governador do RS, Eduardo Leite. Agora, Doria precisará quebrar resistência e travar uma disputa interna para se viabilizar como presidenciável.

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