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A nacionalização de João Doria

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A aposta na Coronavac combinado com os equívocos do governo federal na gestão da pandemia alçou o governador de São Paulo (SP), João Doria (PSDB), a condição de líder político nacional que antagoniza com o presidente Jair Bolsonaro. Embora Doria sempre tivesse essa pretensão, sua liderança estava mais restrita ao cenário político paulista.

Um exemplo dessa nacionalização de seu nome é a capa da revista “Istoé” desta semana. Doria é capa da publicação intitulada “Chegou a vacina brasileira pela persistência de um homem: João Doria”. A matéria da revista possui 11 páginas, contando inclusive uma matéria com o governador.

Apesar dos tucanos acalentarem esse sonho como Doria de a Coronavac ser a grande bandeira do partido para as eleições de 2022, ainda há desafios pela frente. Há dúvidas se apenas o governador capitalizará politicamente o início da vacinação no país. Como novas vacinas estão chegando ao Brasil – a Oxford/AstraZeneca, por exemplo – esse capital político acumulado por Doria poderá se diluir.

Por ora, João Doria está em vantagem sobre Jair Bolsonaro na disputa pelo protagonismo das medidas de combate à pandemia. Segundo pesquisa divulgada nesse domingo (24) pelo instituto Datafolha, 46% dos brasileiros entendem que Doria fez mais contra a pandemia que Bolsonaro. Apenas 28% dizem que o presidente fez mais que o governador no combate ao coronavírus. Esse resultado guarda relação com o início da imunização no país, que teve Doria como grande protagonista.

Apesar de sua vitória parcial nessa agenda, João Doria também carrega desgastes. O recentemente aumento do ICMS em SP, mesmo que posteriormente o governador tenha recuado, causou efeitos negativos. Isso sem falar no retorno das medidas restritivas de combate à pandemia no Estado, provocando reações negativas no setor privado.

Nessa sexta-feira (22), Doria anunciou que o Estado entrará na chamada fase vermelha a partir de 20 horas. Nos finais de semanas e feriados, as restrições valem para o dia todo. Apesar do aumento de casos e mortes provocados pela Covid-19, tal decisão poderá gerar reações, sobretudo por parte dos empresários ligados aos setores de comércio e serviços, além de eventuais protestos contra Doria, como já ocorreram no início da pandemia.

Em que pese tais obstáculos, por ora, João Doria está postado no tabuleiro com o líder nacional que se opõem ao bolsonarismo. Eleito prefeito de SP, em 2016, na onda da política, e governador do Estado, em 2018, surfando na onda do antipetismo, Doria conseguiu se reposicionar e reconstruir sua imagem. Não é por acaso que até mesmo setores da esquerda trocam afagos com o governador.

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