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“Baleia Rossi se comprometeu a conter as privatizações”, diz líder do PT, Enio Verri

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Dono da maior bancada da Câmara dos Deputados, o PT se destaca como a principal aliança de Baleia Rossi (MDB-SP) na corrida pela presidência da Casa. Contudo, a parceria do emedebista com a oposição só veio após intensa negociação entre os dois grupos. No final, Baleia Rossi se comprometeu com uma lista de pautas apresentadas pela esquerda, que inclui o antagonismo às privatizações pretendidas pelo governo federal.

“Está ali o compromisso de fazer um debate mais profundo e conter as privatizações. Inclusive, o próprio Baleia explicitou isso dizendo ‘como que vai ocorrer alguma privatização em um momento de crise mundial como esse?’ Vender estatais em um momento como esse não é vender, mas sim doá-las, possivelmente a ‘amigos do rei’”, explicou o líder do PT na Câmara, deputado Enio Verri (PR).

Apesar de ser um assunto tratado com centralidade pela equipe econômica do governo, até agora um único projeto de privatização foi enviado pela equipe de Bolsonaro ao Congresso – o da Eletrobras. Mais de um ano após ser enviado, o projeto pouco andou. De acordo com o presidente Jair Bolsonaro, parte da lentidão nos planos de privatização se deve à falta de apoio no Congresso à essa pauta.

Confira a entrevista completa:


O que pesou na decisão do PT de apoiar Baleia Rossi?

O debate teve participação da direção nacional do partido, que deu como tarefa à bancada do PT na Câmara priorizar a unidade da oposição, que tem trabalhado de forma unida nos últimos dois anos. Uma segunda tarefa foi de construir uma plataforma política de compromisso do candidato com a sociedade brasileira e com a maior democratização da Câmara dos Deputados. Por fim, o respeito à proporcionalidade, já que o PT é o maior partido da oposição. Nossa maior motivação era vencer o candidato de Bolsonaro porque não poderíamos permitir na presidência da Câmara alguém que faça eco às loucuras de Bolsonaro no Executivo.

Uma parcela dos deputados da oposição queria um candidato próprio. Outros declararam apoio a Arthur Lira. Na sua avaliação, na hora da votação, pode haver surpresas?

Na bancada do PT o debate não era entre apoiar Baleia Rossi ou Arthur Lira. Lira está fora do debate. Nenhum demérito a ele, pessoalmente, mas o PT deliberou que não poderia permitir a vitória de um candidato de Bolsonaro. Então a discussão era sobre uma questão de tática, de como poderíamos fazer isso. Uns, como eu, defendiam que tínhamos que apoiar imediatamente o Baleia Rossi. Faltam menos de 25 dias para a eleição. Por isso, a importância do apoio imediato. Outros colegas entendiam que era fundamental ter dentro do bloco dois candidatos: o Baleia e o candidato da oposição. Isso manteria as oposições mais solidificadas, mais firmes até a véspera das eleições. Esse grupo defendia que, se no dia da eleição se percebesse que era fundamental, para garantir a derrota do candidato de Bolsonaro, retirar a candidatura da esquerda, ela seria retirada em prol de Baleia Rossi. Portanto, a divisão era sobre o timing da tática contra Arthur Lira, não se Baleia teria apoio ou não. Hoje, todo o partido deve votar no Baleia sem problema nenhum.

Como o apoio da esquerda a Baleia Rossi deve influenciar a pauta da Câmara nos próximos dois anos, caso ele ganhe?

Em 2020 a oposição conseguiu uma relação de diálogo muito importante com Rodrigo Maia. Claro que não foram pautadas só as coisas que queríamos, mas abrimos um espaço para negociações. Agora, firmamos um acordo com Baleia Rossi e divulgamos os termos em uma carta assinada por cinco partidos. Está ali o compromisso de Baleia Rossi sobre questões internas da Câmara, com a democracia e o respeito às minorias, no que se refere à relatorias, comissões e pautas. Mas também está ali o compromisso dele com o Auxílio Emergencial ou com um aumento do Bolsa Família, com o aumento real do salário mínimo e com o enfrentamento à covid. Está ali o compromisso de fazer um debate mais profundo e conter as privatizações. Inclusive, o próprio Baleia explicitou isso dizendo ‘como que vai ocorrer alguma privatização em um momento de crise mundial como esse?’ Vender estatais em um momento como esse não é vender, mas sim doá-las, possivelmente a ‘amigos do rei’.

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