Após obstrução, MP do auxílio emergencial é retirada de pauta

Presidente da Câmara dos Deputados, dep. Rodrigo Maia. Foto: Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados

Foi com um blefe que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) conseguiu reverter uma acusação do presidente Jair Bolsonaro que gerou repercussão negativa contra ele. Em transmissão no Facebook na quinta-feira (17), Bolsonaro acusou Maia de ser o responsável por não votar a MP 898/2019, que criava o 13º pagamento do Bolsa Família.

Indignado, e preocupado com a repercussão nas redes sociais, Maia disse que deixou a MP caducar a pedido do próprio governo e que, já que Bolsonaro queria, colocaria o assunto na pauta desta sexta-feira (18) junto à MP 1000, que trata do valor a ser pago pelo Auxílio Emergencial. A oposição vinha pedindo a votação dessa medida provisória há meses, com o objetivo de aumentar de R$ 300 para R$ 600 o valor do benefício.

Inclusive, com o sinal verde de Maia, a oposição chegou a apresentar uma tentativa de prorrogar o Auxílio Emergencial para 2021.

Assim que a MP entrou na pauta, começou uma correria dentro do próprio governo para tentar evitar a votação. Inclusive, com direito a declaração de Paulo Guedes e obstrução da base governista.

Posteriormente, Maia tirou o assunto da pauta e deixou a cadeira de presidente para discursar em plenário. Disse que a fala do presidente da República foi uma tentativa de desclassificá-lo como adversário político.

“A narrativa de que eu deixei caducar a MP do 13º não vem de hoje. Peguem as redes dos bolsominions, dos extremistas, eles me acusam disso há um ano. […] Eu precisava fazer o meu discurso para resguardar a imagem desta Casa e da minha presidência. Porque amanhã a narrativa vai deixar de ser do 13º do Bolsa Família, e ele vai dizer que fomos nós que acabamos com o auxílio emergencial porque não votamos a MP”, disse Maia, devolvendo ao governo a responsabilidade pela não aprovação.

Para o cientista político da Arko Advice, Cristiano Noronha, o objetivo da jogada de Maia foi dividir com Bolsonaro o custo político da não expansão dos benefícios sociais.

“Rodrigo Maia sabia que votar essa Medida Provisória teria um custo muito elevado, então pautou já com a intenção de retirar. A ideia era mostrar que ele não queria travar a 13º Bolsa Família, como disse Bolsonaro”, explica.

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