Em reunião na noite de quarta-feira (16), a bancada do PT na Câmara dos Deputados aprovou dois entendimentos que mudam a direção da disputa pela presidência da casa: que os membros do partido não devem votar em Arthur Lira (PP-AL) e que a sigla vai iniciar o diálogo para avaliar o lançamento, junto a outros partidos de esquerda, uma candidatura própria.
“O PT não comporá bloco para a mesa da Câmara com candidatura apoiada por Bolsonaro. Junto com a oposição construirá alternativa de bloco em defesa da democracia e uma candidatura que represente e debata um programa e uma agenda para derrotar Bolsonaro e tirar o país da crise”, publicou a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann.
A decisão também foi compartilhada por outros parlamentares petistas:
Contudo, chama a atenção que, apesar da esquerda pretender lançar candidato próprio, não houve restrição de voto à Maia de forma tão enfática como houve contra Lira. Isso porque, em um eventual segundo turno entre o candidato de Maia e Lira, o PT deve votar com Maia.
“Eleição sempre é em dois turnos”, explicou a deputada Erika Kokay (PT-DF) ao Brasilianista. “A ideia é que possamos ter uma plataforma com pautas claras para discutirmos com os possíveis candidatos, mas com essa restrição de não apoiar candidato ligado a Bolsonaro. Essa pauta pode ser representada por uma candidatura da esquerda no primeiro turno”, pontuou.
O PT é o partido com a maior bancada da Câmara, com 54 deputados. O partido também atua como uma liderança importante no campo da esquerda. O apoio das siglas desse campo político tem sido disputado em um cabo-de-guerra entre Lira e Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Juntos, os partidos de esquerda com bancada na Câmara e que ainda não tem candidato (PT, PDT, PSB, PSOL, PCdoB e Rede) somam 133 deputados. O número é semelhante ao que já tem o grupo de Maia, que une DEM, PSL, MDB, PSDB, Cidadania e PV, somando 146 deputados. Já Arthur Lira tem ao seu lado PP, PL, PSD, Republicanos, Solidariedade, Avante, Patriota, PROS, PSC e PTB – 170 deputados, no total.