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Para analisar a atualidade, livro revisita 3 mil anos de política

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A história se repete. Por isso a importância de se olhar para o passado, de forma a evitar os erros já cometidos pela humanidade. Foi com essa conclusão em mente que o empresário e escritor José Luiz Alquéres preparou sua mais nova publicação: “Três mil anos de política”, lançamento da editora Edições de Janeiro.

Três mil anos de política
Autor: José Luiz Alquéres
Editora: Edições de Janeiro
Preço: R$ 54,00
Comprar: https://bit.ly/3jlT64Z

O objetivo do autor, ao analisar o passado, é entender um pouco mais sobre o presente e também sobre o que nos espera daqui pra frente. Alquéres analisa em seu texto o valor dado pelas sociedades a conceitos, como o da liberdade, e de que forma isso contribuiu para o sucesso ou fracasso das civilizações.

José Luiz Alquéres é engenheiro, empresário e editor com formação complementar em Sociologia. Em seu livro, ele joga luz na filosofia e na visão política dos grupamentos humanos que emergiram no decorrer dos últimos três mil anos de história.

O livro é construído a partir de 52 crônicas escritas ao jornal Diário de Petrópolis. “Meu objetivo era dividir com os leitores a preocupação de saber se havia motivos para termos esperança”, explicou, em entrevista ao Brasilianista.

Confira a entrevista:


Como foi o processo de escrita do livro?

Ao longo de 2018 eu escrevi para um jornal de uma cidade do interior do Rio de Janeiro 52 crônicas dominicais sobre a evolução do pensamento político desde a antiguidade, procurando identificar se realmente houve uma evolução e para onde ela apontava. Meu objetivo era dividir com os leitores a preocupação de saber se havia motivos para termos esperança.

A eleição de Bolsonaro causou uma certa ressaca, mas relendo em meados de 2019 as crônicas, eu quis estruturá-las na forma de um livro, para poder transmitir o que a história ensinava.

Coloquei-as então em ordem, retirei inserções datadas, escrevi uns 3 ou 4 capítulos cobrindo lacunas históricas e enfatizei as razões para termos esperança no futuro, na realidade o que chamo a construção da esperança.

Quais são os momentos da política mundial que você definiria como “pontos de virada”, que mudaram o rumo da história?

O pensamento político de cada sociedade é muito moldado pelas suas condições de vida. Simplificando esta resposta, o livro aponta que sociedades onde os regimes de força e o espírito de coletivismo predominam são no passado, os grandes impérios da Mesopotâmia, do Egito, do Vale do Ganges e do Yang-Tsé. São sociedades patriarcais onde uma classe de nobres e guerreiros-detentores da força se alia com uma classe de sábios ou religiosos e impõe um regime de força sobre os que produzem, trabalhadores agrícolas e depois industriais. Este estilo continua na Rússia pós 1917, na China atual, etc. É o paraíso do coletivismo, as pessoas abrem mão de parte da sua liberdade em prol da ordem.

O contraponto é a antiga Grécia com seu conjunto de 1.000 cidades-estado. Lá um grego rico armava uma galera e ia piratear no Mediterrâneo. O que ganhava era repartido pela tripulação, que arriscava a vida. O resultado é valorizar a iniciativa, depender de si mesmo e não de um poder superior.

Algumas inflexões são marcantes na história política: (1) a vitória do individualismo sobre o coletivismo na Guerra dos Gregos contra os Persas, (2) o Imperialismo de Alexandre Magno, com a força bruta dos mercenários subjugando os gregos e persas, (3) o crescimento da República Romana qual uma nova Grécia, (4) seu aviltamento como um império quando soma o poder temporal com o religioso, que vai provocar uma idade média de trevas, (5) o fantástico renascimento quando a fragmentação do poder imperial e papal faz surgir inúmeros focos de desenvolvimento. Isso para falar de alguns importantes no mundo ocidental.

O que essa análise de três mil anos de política revela sobre a política de hoje?

A análise nos permite grandes conclusões. A primeira é que o desejo, uma verdadeira pulsão pela liberdade, provoca enormes dificuldades, uma reunião de condomínio cósmica, ou seja, regimes menos estáveis que requerem líderes éticos excepcionais para sobreviverem, porque neles há um certo egoísmo de visão. Cada um é responsável pelo todo e isso precisa ser bem absorvido por todos. O discurso aos mortos de Atenas proferido por Péricles no primeiro ano da Guerra do Peloponeso, há dois milênios e meio, resume este ponto melhor do que tudo que foi escrito depois.

A alternativa são os regimes autoritários ou totalitários que podem até criar riqueza, mas que fazem dos homens e mulheres simples peças e das classes ou grupos dominantes tiranos. A grande lição é que a dignidade do homem exige liberdade e a esperança de um futuro melhor deve ser construída por eles, a cada dia. Hoje isso significa participar ativamente na política – a mais nobre das atividades – a igualdade, o estado de Direito, equiparação dos sexos, redução das desigualdades sociais, um espiritualismo laico em torno da “religião da sustentabilidade” tudo isso em regimes que façam primar a tolerância e exerçam a moderação.

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