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Preço dos alimentos deve cair no próximo ano, prevê CNA

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A chegada da pandemia do novo coronavírus gerou grande impacto na economia mundial. Um dos efeitos sentidos pelos brasileiros foi o aumento no preço de produtos alimentícios. Dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), elaborado pelo IBGE, mostram que, de janeiro a outubro de 2020, o óleo de soja foi o alimento que ficou mais caro – teve aumento de 77%. Em segundo lugar ficou o principal alimento da mesa do brasileiro: o arroz teve crescimento de 59% nos preços. Em seguida está o feijão fradinho, que ficou 58% mais caro.

De acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a inflação se deve ao aumento no consumo – ou seja, a produção não acompanhou o aumento da demanda por certos produtos. Esse crescimento não era previsto pelo agronegócio, uma vez que no início da pandemia, antes da criação de medidas emergenciais, havia um cenário de diminuição no consumo.

“Nós tivemos o Auxílio Emergencial que injetou dez vezes mais dinheiro do que seria injetado pelo Bolsa Família. Isso se reverteu em compra de alimentos. Nós tivemos várias pesquisas que mostraram que houve uma mudança no perfil alimentar das pessoas. Quem manteve sua renda, passou a se alimentar melhor em casa e a alimentação fora de domicílio teve uma queda”, explica Bruno Lucchi, Superintendente Técnico da CNA.

Ele também avalia que o aumento de preços foi gerado pela maior demanda externa, principalmente vinda da China.

“Com a pandemia, muitos países tiveram problema de abastecimento por dificuldades de produção. Também tivemos a questão do câmbio. A desvalorização do Real foi de 46,5%, o que de certa forma incentivou as exportações. No início da pandemia, várias cadeias de produção não sabiam como iria se comportar o consumo do Brasil então direcionaram seus produtos para a exportação para aproveitar o dólar alto e não ficar com produto estocado”, explica.

Por outro lado, a CNA também avalia que a desvalorização do Real acabou encarecendo produtos da agropecuária, já que insumos como fertilizantes, herbicidas e ração para animais são majoritariamente importados e são afetados pela alta do dólar.

A expectativa da instituição é que os preços dos alimentos voltem a cair com o fim da pandemia, mesmo que o dólar permaneça alto.

“A intensidade dos fatores que elevaram os preços vai se reduzir no próximo ano. Os hábitos de consumo devem mudar, a demanda vai ser mais diluída no ano e esperamos aumento da produção dos principais produtos que tiveram alta”, defende.

Por outro lado, a CNA aponta que a estabilização dos preços depende de outros fatores atualmente imprevisíveis, principalmente a chegada da vacina, o recuo da pandemia, a aprovação das reformas e a manutenção do teto de gastos.

Relação com a China

Na última semana, a relação comercial do Brasil com a China saiu desgastada pelo atrito sobre o leilão do 5G. Nas redes sociais, o deputado Eduardo Bolsonaro acusou o país asiático de espionagem. A embaixada chinesa reagiu dizendo que Eduardo e outros críticos à China “vão arcar com as consequências negativas e carregar a responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil”.

A declaração assustou o mercado, já que o país é o principal parceiro comercial do Brasil. De janeiro a outubro a China importou R$ 30 bilhões em produtos do agronegócio brasileiro – 60% do total de exportações. O valor representa um crescimento de R$ 5 bilhões em relação ao mesmo período do ano passado.

Em uma tentativa de acalmar o mercado, o presidente da CNA, João Martins, disse que o setor mantém contato com os embaixadores chineses e vai cumprir compromissos comerciais. Também defendeu que o comércio internacional precisa de pragmatismo e distanciamento político.

“Hoje a agropecuária do Brasil exporta para mais de 170 países. Nós não devemos ter ideologia nem bandeira. Não vai ser os Estados Unidos que vai definir para quem nós vamos vender. Precisamos exportar porque o consumo interno não é suficiente”, alertou Martins.

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