Contra Bolsonaro, Maia busca união entre centro e esquerda. Foco é eleição na Câmara, mas aliança pode se estender para 2022

Foto: Marcos Corrêa/PR

Apesar da pauta parada na Câmara dos deputados, a última semana tem sido movimentada para o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). A agenda do parlamentar esteve cheia de visitas a líderes partidários que vão da centro-direita à esquerda.

Como não pode concorrer novamente ao cargo de presidente da Câmara, Maia trabalha para deixar um sucessor. O problema é a forte concorrência: o grupo que atualmente apoia o presidente Jair Bolsonaro é o próprio Centrão – o maior bloco parlamentar da Câmara dos Deputados. E o Centrão já tem um provável candidato: Arthur Lira (PP-AL).

Por isso, Maia trabalha para repetir a aliança com a esquerda que o levou ao mandato atual e para fortalecer um nome independente do governo.

Durante o fim de semana, Maia esteve no Ceará para conversar com Camilo Santana (PT), Ciro e Cid Gomes (os dois do PDT-CE), além de parlamentares dos dois partidos. 

De acordo com Cid, os dois lados da mesa de negociação se mostraram interessados em formalizar um bloco parlamentar nos próximos dias e ainda destacou que, se der certo, essa aliança deve ter reflexos na eleição presidencial em 2022.

“Não se falou em nomes, mas eu percebi (a disposição) e defendo que esse bloco seja um embrião para as eleições de 2022 para enfrentarmos Bolsonaro”, disse Cid Gomes ao Globo. 

Atualmente, além de Lira, quatro nomes são cotados para presidente da Câmara: Marcelo Ramos (PL-A); Baleia Rossi (MDB-AP); Aguinaldo Ribeiro (PP-PB); e Marcos Pereira (Republicanos-SP).

Eleições Municipais fortaleceram o Democratas

Os resultados do primeiro turno das eleições municipais mostraram um grande fortalecimento do DEM, animando os líderes do partido que acreditam no potencial da sigla para 2022. O partido elegeu 459 prefeitos, sendo três em capitais. O crescimento foi grande, quando se leva em conta que em 2016, a legenda só havia elegido 266 prefeitos.

“O que posso concluir, numa visão de curto e médio prazos, é que o DEM, hoje, graças ao capital eleitoral que acumulou nas eleições deste ano, tem condições de sentar para conversar com qualquer partido, com qualquer candidato sério a presidente. O partido será ouvido, respeitado e terá relevância. Agora, já será a hora de a gente ter, em 2022, nosso próprio candidato? Não posso responder ainda”, disse o presidente do partido, Antônio Carlos Magalhães Neto ao jornal Valor Econômico. 

No mesmo fim de semana em que foi ao Ceará, Maia se reuniu com João Doria (PSDB-SP). Falaram de política e economia, mas os detalhes não foram divulgados. Doria é um dos nomes que já são cotados para a corrida presidencial em 2022.

Desde 1994, o PSDB concorre com candidato próprio à Presidência da República. O desempenho de Geraldo Alckmin em 2018, quando obteve 4,76% dos votos válidos, abalou o partido. Hoje, apenas dois nomes são cotados como alternativa no ninho tucano: o de João Doria; e o do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.

Além de Luciano Huck, o DEM tem como opções: o próprio ACM Neto; o governador de Goiás, Ronaldo Caiado; e o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

“O DEM foi o partido que mais cresceu nas eleições municipais, o que tem feito com que o partido comece a já pensar em 2022. Ainda tem muito caminho daqui até lá, mas isso animou as lideranças da legenda”, avaliou Cristiano Noronha, analista político da Arko Advice.

Com informações da Arko Advice

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