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Brigas internas e desgastes externos: os ingredientes de uma possível reforma ministerial

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Nas eleições municipais os partidos de centro saíram fortalecidos. Com maior controle regional conferido ao DEM, PP e o PSD, o Centrão na Câmara dos Deputados quer que o cenário tenha reflexo também no governo federal. Não é por menos: desde que começou a ganhar a atenção do presidente Jair Bolsonaro, o grupo tem atuado como base aliada, sob o comando de Arthur Lira, que é líder também do PP.

Mesmo o DEM, que desembarcou do Centrão em agosto e tem tido um posicionamento relativamente independente possui membros em ministérios: Tereza Cristina (Agricultura) e Onyx Lorenzoni (Cidadania). Logo, é de se imaginar que o PP se sinta desprestigiado. Para não dizer que não há nenhum filiado do partido em ministérios, Damares Alves (Direitos Humanos) é filiada do PP, mas é uma indicação muito mais dos aliados evangélicos de Bolsonaro do que do próprio partido.

Por enquanto, a disputa segue incerta, a depender da direção que a política tomará nos próximos meses. A pressão por um ministério do PP aumenta caso Arthur Lira seja eleito presidente da Câmara em fevereiro, por exemplo.

Qual cadeira será liberada?

Dentro do governo, há um pacto de silêncio quando o assunto é mudanças nos ministérios. Depois de sofrer com informações divulgadas fora de hora, o governo Bolsonaro tenta manter atrás das cortinas certos assuntos das reuniões ministeriais.

Contudo, o cenário de constante conflito entre os ministros e as crises internacionais geradas pela falta de entendimento entre as alas do governo evidenciam que, para manter sua popularidade, Bolsonaro vai precisar mover algumas cadeiras, substituindo ministros ou pelo menos trocando o cargo ocupado.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles é um daqueles que são cotados para sair, abrindo espaço para Bolsonaro nomear um aliado político. No Ministério do Meio Ambiente, Salles coloca sob os holofotes do mundo o lado mais ideológico e negacionista do governo Bolsonaro. Para interlocutores, deixa a impressão de que toda vez que diz algo, gera uma manchete negativa para o governo.

Salles não poupa nem os colegas. No mês passado chamou o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, de “maria fofoca”. Mesmo pedindo desculpas no Twitter, a sensação de desconforto continua.

O ministro também se vê enrolado na Justiça por supostas irregularidades cometidas quando era secretário de Geraldo Alckmin (PSDB) no governo de São Paulo.

Além desse ponto focal, a esplanada dos ministério pipoca conflitos. O ministro da Economia, Paulo Guedes e o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, de tempos em tempos trocam farpas.

Bolsonaro ao mesmo tempo que não tem tido força para apagar incêndios entre ministros, também faz acenos que dão a entender que, para ele, o melhor é manter Salles, que conversa com seus eleitores mais ideológicos, manter Marinho, que acena para os eleitores do Nordeste, e evitar que Guedes saia, o fiador do liberalismo bolsonarista. Resta saber até quando a balança vai parar de balançar e pender definitivamente para alguma direção.

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