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Polêmica com Bolsonaro ameniza revezes de Doria

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A decisão do presidente Jair Bolsonaro em suspender o protocolo de intenções para a compra de 46 milhões de doses da vacina Coronovac, imunizante que está sendo desenvolvido no país pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantã, acabou dando ao governador João Doria (PSDB) um palanque para polarizar com Bolsonaro e apresentar-se como o “defensor da vacina”.

Logo após a decisão do presidente, Doria, em entrevista coletiva, afirmou que “não é hora de fazer discussão de caráter político ou ideológico” e ressaltou que a guerra é contra o vírus e não se trata de um conflito político.

Em outra crítica a Bolsonaro, Doria pediu que o presidente tenha “coração” e que deixe a disputa eleitoral para o momento apropriado. Segundo ele, se a equipe ministerial não pode manifestar suas posições, é melhor que o presidente extinguisse as pastas.

Tentando abraçar a bandeira de vacina, João Doria afirmou que a vacina do Brasil não pode ser classificada por “questões políticas ou eleitorais”.

A politização da vacina acabou ofuscando uma semana que caminha para ser bastante negativa para o governador.

A primeira delas foi a decisão da 14ª Vara de Fazenda Pública da capital paulista em bloquear R$ 29,4 milhões de seus bens em processo no qual Doria é réu sob suspeita de improbidade administrativa quando foi prefeito de SP.

A ação, iniciada em novembro de 2018 pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP), acusa João Doria de ter feito autopromoção com propaganda do programa Asfalto Novo e causado prejuízo de R$ 29,4 milhões aos cofres públicos. Na época em que o processo foi aberto, ele tinha acabo de ser eleito governador.

O valor bloqueado tem o objetivo de ressarcir o município caso Doria seja, ao fim, condenado. A decisão do juiz Randolfo Ferraz de Campos, que é liminar (provisória), alcança imóveis, veículos e valores em banco registrados no nome do tucano.

O governador chamou a decisão de descabida. A defesa dele disse que recorrerá e afirmou considerar curioso que a decisão tenha sido proferida às vésperas da eleição municipal.

O segundo movimento negativo foi a manifestação do prefeito de SP, Bruno Covas (PSDB), de que a vacina contra a Covid-19 não será obrigatória aos moradores da capital paulista. Em entrevista à Rádio Eldorado, o tucano, que tenta a reeleição, afirmou que conta com a colaboração da população da cidade para a imunização.

A afirmação do prefeito contraria a declaração do governador, que no dia 16 de outubro declarou que a vacinação contra o coronavírus será obrigatória no Estado, exceto para pessoas que apresentem alguma restrição avalizada por um médico.

O gesto de Bruno Covas é uma tentativa de se manter afastado de Doria e de temas polêmicos em meio a campanha da reeleição. Por enquanto, o prefeito tem obtido sucesso em colar sua imagem à do seu avô, o ex-governador Mário Covas, e apresentar-se no horário eleitoral como um prefeito que encontra dificuldades e combate à pandemia com responsabilidade.

Resta saber qual será o impacto nas próximas semanas da tentativa de vinculação que os adversários farão entre Bruno Covas e João Doria.

Em queda nas pesquisas, Celso Russomanno (Republicanos) passou a lançar mão desses ataques. Além dele, Guilherme Boulos (PSOL), que está numa trajetória ascendente, apresenta-se como uma alternativa ao que chama de “bolsodoria”, numa referência a Russomanno e Covas.Mesmo que a politização da vacina tenha dado um palanque para João Doria na semana passada, os ataques contra o governador devem crescer e, com ele, seu desgaste político, sobretudo na capital paulista.

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