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Vacina chinesa ou inglesa? Dados apresentados em SP reacendem discussão

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O Governo de São Paulo divulgou nesta segunda-feira (19) os resultados da pesquisa que atestam a segurança da vacina contra covid-19 que é produzida pela empresa chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. Os resultados foram apresentados em coletiva de imprensa da qual participou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

A imunização foi testada em 9 mil brasileiros, além de 50 mil voluntários chineses. De acordo com os dados, que serão enviados hoje para a Anvisa, a vacina se mostrou a mais segura entre todas que estão sendo testadas. “A nossa vacina é a que menos gerou efeitos colaterais”, explicou o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, em coletiva.

Apesar de resultados preliminares apontarem eficácia da vacina, os resultados finais devem ser divulgados só entre novembro e dezembro deste ano – período semelhante àquele em que vai ser publicado o resultado da vacina produzida pela Universidade de Oxford e pela farmacêutica AstraZeneca, no Reino Unido, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Ainda que estados tenham autonomia para comprar e aplicar as vacinas que acharem mais pertinentes, é o governo federal que será responsável pela distribuição em grande escala. Por isso, com receio de que o governo brasileiro negligencie a vacina chinesa, os secretários de saúde dos estados enviaram uma carta para o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, pedindo que o governo federal adote a vacina que sair primeiro.

“O momento exige que o Ministério da Saúde comande a unidade nacional em torno da disponibilização célere, segura e oportuna das vacinas já disponíveis, em especial as produzidas pelas iniciativas subnacionais”, diz a carta do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

Geopolítica da vacina

De acordo com o sociólogo e pesquisador da Arko Advice, Thiago de Aragão, por trás do cabo-de-guerra entre o presidente e os governadores há uma disputa internacional. Ele é autor do livro “A Geopolítica da Vacina: Como as nações estão envolvidas na corrida para vencer o vírus e o que está em jogo por trás de tudo isso”.

Segundo Aragão, apesar dos ânimos acirrados, é pouco provável que o governo federal proíba o uso da vacina chinesa.

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“Do lado do governo é difícil que alguma vacina acabe negligenciada, já que temos a Anvisa, que é uma agência regulatória em tese independente. Se ela aprovar uma vacina, mesmo que o governo federal não goste, os governos estaduais vão estar autorizados a distribuir”, explica.

Por outro lado, o sociólogo prevê que a disputa pública e a campanha de alguns políticos contra a vacina chinesa podem acabar influenciando a população. “Um problema que podemos ter é a população acabar tendo preconceito em relação a determinada vacina, ainda que ela seja autorizada pela Anvisa”, avalia.

“A politização de um medicamento é muito negativa, como foi a cloroquina, que no final se mostrou ineficaz. Nem o Trump tomou a cloroquina. Essa politização faz com que as pessoas confiem num medicamento não por indicação médica, mas sim por uma indicação política. E isso também vai acabar escoando para uma vacina. As pessoas vão acabar confiando em uma vacina não por questões técnicas mas por questões políticas”, alerta.

Outras vacinas

Além da vacina chinesa, o Brasil participa da pesquisa de pelo menos duas outras imunizações contra a covid-19: Também são testadas por aqui as vacinas desenvolvidas pela BioNTech, da Alemanha, e Wyeth/Pfizer, dos Estados Unidos; e a vacina da Jansen-Cilag, unidade farmacêutica da Johnson & Johnson.

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