Apesar do adiamento das eleições municipais para novembro, as peças se movem no tabuleiro de São Paulo (SP). Na semana passada, foi confirmada a desistência do apresentador da TV Bandeirantes, José Luiz Datena, que recentemente se filiou ao MDB, em ser candidato à prefeitura da capital. A tendência é que o MDB apoie à reeleição do prefeito Bruno Covas (PSDB).
Há ainda duas peças importantes que não decidiram seu futuro político e continuam no páreo com pré-candidatos. O deputado federal Celso Russomanno (Republicanos-SP), que concorreu ao cargo em 2012 e 2016, ficando em terceiro lugar nas duas oportunidades, e a ex-prefeita e ex-senadora Marta Suplicy (SD).
Russomanno é especulado como um potencial candidato à vice-prefeito na chapa de Bruno Covas. Com base do eleitorado conservador e trânsito junto aos evangélicos, Russomanno agregaria a Covas parte do voto de direita.
Marta, por sua vez, é vista como uma possível vice do ex-governador Márcio França (PSB), que deverá concorrer, e já garantiu o apoio do PDT. Apesar dessa especulação, o PDT lançou o sindicalista Antonio Neto como possível vice de Márcio e deseja ocupar a vaga.
Outros nomes que aparecem no páreo são a deputada federal Joice Hasselman (PSL), o deputado estadual Artur do Val (Patriota), também conhecido como “Mamãe Falei”, o deputado federal Marco Feliciano (Republicanos-SP), o ex-deputado federal Jilmar Tatto (PT), e o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP). O PSOL, que ainda não definiu oficialmente seu candidato, anunciará seu representante em 19 de julho, quando realizará prévias.
O mais provável é que o PSOL seja representado pela chapa unindo o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, que concorreu ao Palácio do Planalto em 2018, e a ex-prefeita Luiza Erundina, que seria sua vice. Entretanto, a deputada federal Sâmia Bomfim e o deputado estadual Carlos Giannazzi também figuram como pré-candidatos.
Mesmo com a desistência de Datena, que seguirá como apresentador na TV Bandeirantes e analisará uma possível candidatura ao Senado em 2022, o cenário na capital paulista ainda está bastante indefinido.
Duas peças fundamentais como Celso Russomanno e Marta Suplicy ainda estão com seu futuro político indefinido. Bruno Covas, que tem o potencial de construir uma aliança competitiva numa composição com partido do centrão, terá que enfrentar o impacto da recessão econômica e os ataques que sofrerá por ter implementado o isolamento social. Além disso, Covas continua travando uma luta contra o câncer.
E pesa sobre o PSDB o desgaste as investigações em curso no âmbito da Operação Lava Jato contra o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) e o senador José Serra (PSDB-SP), repercutindo negativamente na imagem dos tucanos em SP.
Embora o bolsonarismo seja uma força social expressiva na capital paulista, ainda não há um nome que capitalize esse voto. Hoje, a direita paulistana está fragmentada entre Joice Hasselmann e Artur do Val – que são dissidentes do bolsonarismo, mas ainda preservar uma simpatia à direita – Marco Feliciano e Celso Russomanno.
O mesmo ocorre na esquerda, que historicamente costuma fazer entre 20% a 30% dos votos na cidade. Apesar da força do lulismo na periferia da capital, Jilmar Tatto anima pouco as bases do PT. Marta Suplicy ainda está jogo. Márcio França é pré-candidato e o PSOL caminha para ter um chapa à esquerda através da provável dobradinha Boulos/Erundina.
Conforme podemos observar, a imprevisibilidade do cenário eleitoral em SP é alta. Não é por acaso que Bruno Covas deseja ter Celso Russomanno como seu vice e caminhar para a direita.
Caso Russomanno componha com Bruno Covas, crescem as chances do prefeito estar no segundo turno. França, caso consiga atrair Marta, poderá crescer no páreo. Com o PT desgastado, hoje a chapa Boulos/Erundina teria mais densidade eleitoral que a chapa petista.
Porém, uma eventual divisão das esquerdas, poderá deixar as esquerdas, mais uma vez, de fora do segundo turno.