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Reabertura da economia gera polêmica e desgasta Doria e Covas

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Em meio à forte pressão do setor privado e prefeitos, sobretudo do interior de São Paulo (SP), o governador João Doria (PSDB) anunciou na quarta-feira passada (24) a prorrogação da quarentena por mais 15 dias, mas com flexibilizações do Estado em setores. A medida foi batizada pelo Palácio dos Bandeirantes como “quarentena inteligente”.

A decisão, que flexibiliza o isolamento social a partir desta segunda-feira (01), representa um compartilhamento da responsabilidade com os prefeitos, que serão os responsáveis pelos protocolos de abertura.

O Estado foi dividido em 18 regiões. A primeira fase (bandeira vermelha) é de alerta máximo, com funcionamento apenas de serviços essenciais. A fase dois (laranja) é de controle, de atenção, ainda com medidas restritivas, mas onde já é possível iniciar a flexibilização de atividades imobiliárias, concessionárias, escritórios, comércios e shoppings centers.

Na fase três (amarela), é permitida a reabertura de bares, restaurantes e salões de beleza. E na fase quatro (verde), haverá um nível de abertura maior, incluindo academias, mas ainda com restrições. E a fase cinco, chamada de “o novo normal controlado”, traz a liberação total, mas com medidas de higiene.

A capital paulista está na fase dois. Com isso, a cidade poderá ter a retomada de atividades imobiliárias, concessionárias, escritórios, comércios e shoppings centers.

A inclusão da capital na fase 1 ocorreu após uma tensão entre João Doria e Bruno Covas. A Grande São Paulo e litoral ficaram na área considerada vermelha, onde não haverá reabertura ainda.

A flexibilização da quarentena foi comemorada pelas cidades do interior, sobretudo pelas regiões de Franca, Ribeirão Preto e Campinas, que poderão reabrir os setores ligados a comércio e serviços a partir desta segunda.

Porém, o plano elaborado por João Doria repercutiu negativamente junto aos prefeitos da região metropolitana, que com exceção da capital, ficaram na área vermelha. Após uma forte pressão dos prefeitos da região metropolitana, Doria recuou.

Na última sexta-feira (29.05), o governador subdividiu região metropolitana em seis sub-regiões, a capital e mais cinco, e cada uma delas deverá apresentar na semana que vem seus próprios estudos, para mudarem de fase no processo de abertura. Atualmente, todas estão na fase vermelha, de restrição máxima, em que só é permitido o funcionamento de serviços essenciais.

Pesou para Doria ceder às pressões o comportamento do prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando (PSDB), que deu diversas entrevistas com duras críticas à abertura somente na capital paulista.

Em São Paulo, o prefeito Bruno Covas (PSDB), mesmo com a flexibilização,evitou dar um prazo para a reabertura dos estabelecimentos.

Segundo Covas, a partir desta segunda-feira (01), a prefeitura começa a receber as propostas de protocolos de cada um dos setores e somente depois haverá a liberação.Além disso, o prefeito, em decreto publicado no último sábado (31), prorrogou a quarentena na capital até 15 de junho.

Embora a retomada gradual da economia seja uma decisão bem-vinda, o protocolo anunciado por João Doria e Bruno Covas ficou bastante confuso. Na prática, acabou passando a impressão de que o anúncio da reabertura da atividade econômica teve o objetivo de produzir manchetes na mídia, reduzir a pressão sobre o Palácio dos Bandeirantes e compartilhar responsabilidades com os prefeitos.

O fato é que tanto Doria quanto os prefeitos, sobretudo Covas, estão pressionados por todos os lados. Enquanto a pandemia do coronavírus continua tendo São Paulo como epicentro, levando a comunidade médico-científica a desaconselhar uma abertura neste momento, os agentes econômicos são cada vez mais afetados pela crise. Além do aumento do desemprego, o governador e os prefeitos começam a sentir no caixa a falta de recursos, dependendo cada vez mais do governo federal.

Ainda é precipitado fazer uma análise definitiva da abertura econômica anunciada no Estado, entretanto, as reações sugerem que tanto João Doria quanto Bruno Covas, que inicialmente foram elogiados, começam a perder pontos na opinião pública. Não é por acaso que as manifestações contra ambos, realizadas pela base social bolsonarista nas ruas e redes sociais, tem crescido nas últimas semanas.

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