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O dilema de Doria e Covas

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O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), tentam, talvez, a última alternativa para evitar o “lockdown”, a mais radical das medidas restritivas.

Na semana passada, a Câmara Municipal de São Paulo antecipou os feriados de Corpus Christi (celebrado em junho) e Consciência Negra (novembro), para a quarta (20) e quinta (21). Além disso, na última sexta-feira (22) foi ponto facultativo. E a Assembleia Legislativa, por sua vez, aprovou a antecipação do feriado de 9 de julho para esta segunda-feira (25).

A antecipação dos feriados ocorre em meio a queda do isolamento social, que continua abaixo dos 50% em muitas cidades, sobretudo na capital, epicentro da pandemia. Paralelamente a isso, o sistema de saúde está perto do colapso. As Unidades de Tratamento Intensivo (UTI’s), por exemplo, estão com 91% de sua capacidade ocupada na capital.

O feriadão foi anunciado após o fracasso do megarodízio em São Paulo, uma vez que o índice de isolamento não subiu, ficando abaixo de 50% nos dias úteis. Vale lembrar também que, outra medida adotada por Covas, a criação de bloqueios em corredores da capital, já não havia funcionado.

Apesar das críticas que Doria e Covas vem sofrendo no setor privado, o governador declarou na última quarta-feira (20), que se os índices de coronavírus piorarem no Estado, “seremos obrigados a adotar o lockdown”.

Enquanto isso, cresce a pressão do setor privado. O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, afirmou que antecipar feriados para diminuir o isolamento é um equívoco. Segundo ele, a medida causa confusão para as empresas e pessoas, sem reduzir riscos.

Tanto João Doria quanto Bruno Covas estão bastante pressionados. Com o aumento de contaminados e mortos por coronavírus, a pressão dos especialistas em saúde pelo adoção do lockdown será cada vez mais intensa.

Por outro lado, o setor privado e os prefeitos também pressionarão Doria e Covas para resistir à adoção de medidas radicais de isolamento social. Isso sem falar na pressão que o presidente Jair Bolsonaro e seus seguidores continuarão fazendo em favor da reabertura da economia.

Independente da decisão de Doria e Covas – adotar ou não o lockdown– as reações serão imediatas, seja por parte da comunidade médico-científica ou dos setores econômicos. Neste momento, caso tenham que optar, a tendência é a adoção do lockdown, afinal de contas o governador e o prefeito têm abraçado com veemência em seus pronunciamentos “a defesa da vida”.

Como o Estado de São Paulo responde mais de 33% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, a reação do governo federal, assim como dos empresários, deve ser significativa. Tal decisão pode ainda gerar atritos no relacionamento dos prefeitos do interior com Doria.

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