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Bolsonaro faz pronunciamento em tom apaziguador

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Em mais um pronunciamento realizado em cadeia nacional de rádio e TV – o quinto desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o coronavírus como uma pandemia – o presidente Jair Bolsonaro adotou um discurso apaziguador.

A narrativa de Bolsonaro mostrou um presidente que se preocupa com todos, compromisso com a defesa da vida, e se solidarizou com quem perdeu vítimas decorrentes do coronavírus.

O presidente não defendeu abertamente o isolamento social e mostrou preocupação com o desemprego. O foco de sua mensagem buscou um equilíbrio entre a defesa da vida e da economia.

A novidade foi que Jair Bolsonaro deixou de lado o embate político com governadores e prefeitos, adotando um tom conciliador ao afirmar que cabe a eles tomar as medidas restritivas. Sobre os ministros, disse que todos devem estar sintonizados com ele. Vale ressaltar que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu na noite desta quarta-feira (8) que o governo federal não pode derrubar decisões de estados e municípios sobre isolamento social, quarentena, atividades de ensino, restrições ao comércio e à circulação de pessoas.

Outra mudança no discurso de Bolsonaro foi a defesa da utilização do medicamento hidroxicloroquina, citando o caso do médico Roberto Kalil, diretor-geral do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês, que tem usado o remédio no tratamento do Covid-19.

Como forma de mostrar que o governo se preocupa com a economia, Bolsonaro citou o pagamento da ajuda emergencial no valor de R$ 600,00, previsto para começar a partir de hoje (09).

Além do tom do pronunciamento de hoje, Bolsonaro fez gestos nesta direção como, por exemplo, a reunião com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Tanto o pronunciamento de Bolsonaro quanto o discurso de hoje de Mandetta no Palácio do Planalto sinalizam que o presidente e o ministro selaram uma “trégua”.

Prova disso foi a afirmação do ministro que “quem comanda esse time é o presidente Jair Messias Bolsonaro”.

Mesmo que Mandetta tenha mantido o posicionamento “técnico” em seu discurso, hoje afirmou que “ninguém é dono da verdade”, num recado ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

O ministro da Saúde também passou a admitir a utilização da hidroxicloroquina como medicamento de combate ao Covid-19.

O debate envolvendo a hidroxicloroquina deve ficar politizado. Além da defesa que Bolsonaro fez do medicamento, há uma polêmica nas redes sociais em torno deste tema desde que o coordenador do Centro de Contenção do Covid-19 em São Paulo, o médico David Uip, aliado de Doria, não ter respondido ao apresentador da TV Bandeirantes, José Luiz Datena, se havia feito uso da hidroxicloroquina.

Através da hidroxicloriquina, o bolsonarismo quer retomar a iniciativa na crise do coronavírus, além de criar constrangimento para Doria, já que o presidente é um defensor do uso do medicamento desde o início da pandemia.

Além do pronunciamento de tom apaziguador e da trégua selada com Mandetta, Jair Bolsonaro passou a realizar movimentos em direção ao centro nos bastidores. Nos últimos dois dias, o presidente teve encontros com importantes líderes do centrão como, por exemplo, os senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Jorginho Melo (PL-SC), além dos deputados federais Wellintgon Roberto (PL-PB) e Marcos Pereira (Republicanos-SP).

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