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Doria sinaliza para o social, reforça narrativa “anti-Bolsonaro” e o posicionamento centrista

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Durante sua tradicional entrevista coletiva sobre a atualização das medidas de combate ao coronavírus, o governador João Doria (PSDB), fez um apelo para que os empresários de São Paulo (SP) evitem demissões em meio a pandemia.

Segundo Doria, “essa é uma crise com prazo determinado. Seus funcionários e colaboradores estão há anos ajudando vocês. Protejam os seus funcionários. Protejam em casa as pessoas que mais estão precisando de vocês”.

O governador pediu ainda que, pequenos e microempreendedores apostem em iniciativas digitais para que seus negócios consigam sobreviver.

João Doria anunciou que o Palácio dos Bandeirantes vai disponibilizar mais de R$1 bilhão para o incentivo a médias, pequenas e microempresas. Do total, R$ 500 milhões já estão sendo oferecidos pela Desenvolve SP, o banco de fomento do estado, e pelo Banco do Povo.

O governador ampliou ainda mais a garantia no fornecimento de gás encanado no estado. Até o dia 31 de maio, não poderá haver corte no fornecimento de cerca de 90 mil consumidores residenciais, comerciais e unidades de saúde da região de Sorocaba atendidos pela Naturgy.

Doria também anunciou a ampliação do funcionamento do restaurante popular que oferece refeições a R$ 1,00. Esses estabelecimentos passarão a trabalhar também no jantar. O objetivo é reforçar em 1,2 milhão de refeições os atendimentos feito atualmente.

Apesar da sinalização para a área social, João Doria manteve o tom crítico em relação ao presidente Jair Bolsonaro. Aliás, segundo informações de bastidores, em conversa com videoconferência com membros do diretório nacional do PSDB, Doria disse que não abandonará o posicionamento de “anti-Bolsonaro”.

Na semana passada, o governador reforçou a orientação para que a população fique em casa e não siga as orientações do presidente.

“Não sigam as orientações do presidente da República do Brasil. Ele não orienta corretamente a população e lamentavelmente não lidera o Brasil no combate ao coronavírus e na preservação da vida”, afirmou. Segundo João Doria, “em São Paulo, nosso objetivo primordial é salvar vidas. Estamos preocupados em salvar vidas, salvaremos pessoas, consumidores e a economia”.

Como forma de defender o isolamento social, João Doria revelou ter conversado com o prefeito de Milão, Giuseppe Sala, sobre as medidas adotadas pela cidade italiana no enfrentamento à Covid-19. Na ligação, Sala teria reconhecido que foi um erro apoiar a campanha do setor privado para manter o comércio local. Doria elogiou o arrependimento do prefeito italiano e o usou como exemplo para pedir humildade ao presidente Jair Bolsonaro.

Além disso, Doria criticou empresários que ele definiu como “mais afoitos” e que priorizam o lucro durante a pandemia. “a vida vem antes do lucro”, afirmou o governador.

O governador lembrou que conversou com Sala sobre a campanha “Milão Não Para” criada por empresários do setor da gastronomia e replicada por alguns políticos, pedia a reabertura de escolas, museus e teatros. Com o aumento do número de casos e de mortes na cidade, o prefeito de Milão se desculpou publicamente pela decisão de apoiar o movimento.

Doria lançou ainda uma campanha publicitária que será veiculada até o dia 6 de abril em rádio, TV e redes sociais.

A peça afirma que, contra o coronavírus, as pessoas devem seguir a recomendação de ficar em casa, que é dada por especialistas, Organização Mundial da Saúde (OMS), governantes europeus e até pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

“A economia a gente trabalha e recupera. A vida de quem a gente ama, não dá para recuperar”, diz o comercial do governo de SP.

Outro ponto importante a ser destacado no posicionamento de João Doria foi sua entrevista ao “Estadão”, onde afirmou que está em curso no Brasil a formação de uma “frente pelo país composta por governadores, prefeitos, uma parte o Congresso Nacional e uma parte considerável do Judiciário, da imprensa, dos formadores de opinião”.

Na entrevista, Doria afirmou ainda que a eventual saída do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, do cargo seria “um desastre para o Brasil”.

A defesa que Doria faz de Mandetta é outro acerto estratégico do governador. Vale lembrar que a pesquisa Datafolha divulgada na última sexta-feira (03) apontou que o ministro tem seu desempenho na crise do coronavírus avaliada positivamente por 76% dos entrevistados.

A postura “anti-Bolsonaro” de João Doria não deve ser abandonada, principalmente no curto prazo. Segundo o Datafolha, 57% dos entrevistados concordam com as recomendações feitas pelo governador para que não sigam as orientações do presidente Jair Bolsonaro. 33% consideram que ele está errado e 11%, não souberam responder.

Dentro desse novo posicionado de Doria está também deixando de lado, por enquanto, da narrativa anti-petista.

Na semana passada, após uma postagem do ex-presidente Lula (PT) no Twitter, fazer menção elogiosa a decisão de Doria em manter a Polícia Militar (PM) confiscar máscaras numa fábrica da Grande São Paulo, o governador retuitou a mensagem de Lula afirmando: “temos muitas diferenças. Mas agora não é hora de expor discordâncias. O vírus não escolhe ideologia nem partidos. O momento é de foco, serenidade e trabalho para ajudar a salvar o Brasil e os brasileiros”.

A resposta de Doria a Lula posiciona ainda mais o governador ao centro. Isso ficou nítido com a resposta dada a questionamento da imprensa sobre a troca de twetts com o ex-presidente, quando Doria disse que “nunca fechou o diálogo com a esquerda nem com a direita. Só quero distância dos extremos”.

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