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Política

PIB sozinho não define eleição

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Após a divulgação do resultado do PIB de 2019, que registrou uma alta modesta de 1,1%, aumentaram os questionamentos sobre o desempenho da economia e a possibilidade de reeleição do presidente Jair Bolsonaro em 2022.

Vale ressaltar, em primeiro lugar, que ainda estamos muito longe da sucessão presidencial. O crescimento econômico do primeiro ano do PIB de um presidente da República não é o que determina sua viabilidade eleitoral. O eleitor decide seu voto com base na temperatura térmica da política no momento da eleição. E há outras variáveis para isso, além do PIB.

Em 1998, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi reeleito ainda no primeiro turno. No ano da eleição, o PIB cresceu apenas 0,3%. Entretanto, FHC, por conta do sucesso do Plano Real de 1994, que garantiu drástica redução na inflação, era visto pela maior parte do eleitorado como o mais preparado para enfrentar o turbulento cenário internacional naquele momento. O desemprego também não estava baixo. Registrava 9%.

Já em 2002, ano em que o PIB cresceu 3,1%, Fernando Henrique não conseguiu fazer seu sucessor. Havia, então, um grande desejo de mudança por parte do eleitor. Além disso, o distanciamento político entre FHC e o candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, também atrapalhou. O desemprego fechou o ano em 12,53%. O candidato do PT, Lula, acabou vencendo o pleito no segundo turno.

Em 2010, mesmo com o espetacular crescimento de 7,5%, Lula não conseguiu garantir a eleição de sua candidata, Dilma Rousseff (PT) no primeiro turno. Dilma só venceria no segundo turno, ainda que o desemprego tenha fechado o ano em apenas 5,91%.

Apesar do crescimento econômico e das políticas sociais do governo petista, o desgaste por conta de denúncias de corrupção levou Serra e Dilma para o segundo turno.

Em 2014, ano em que Dilma tentou a reeleição, a economia cresceu apenas 0,5%. Naquele ano, iniciavam-se as investigações da Operação Lava-Jato. Em junho de 2013, o país tinha enfrentado intensas ondas de protestos nas quais a população cobrava serviços públicos de maior qualidade.

O relacionamento de Dilma com o Legislativo era marcado por tensões. Além disso, a presidente enfrentava fortes críticas do setor produtivo e do mercado financeiro.

Um conjunto de fatores interfere na eleição de um candidato a presidente da República. É o caso do seu perfil, de sua trajetória política, da conjuntura (política, econômica e social), do plano de governo e da estrutura de campanha (alianças, estrutura partidária, mídias sociais).

Em 1994, Fernando Henrique foi eleito por sua trajetória e por seu perfil político. Como ministro da Fazenda do presidente Itamar Franco, fora responsável por conduzir o mais exitoso plano econômico já implementado no país, após sucessivos fracassos de governos anteriores.

Em 2002, com a estabilidade econômica, outros fatores pesaram na escolha do cidadão, como o desejo de mudança e de maior avanço na área social.

Bolsonaro foi eleito na esteira das investigações da Lava-Jato, que geraram enorme desgaste entre políticos tradicionais num ambiente econômico de forte recessão (-3,5% em 2015; e -3,3 em 2016).

Ainda é cedo para apontar que fatores pesarão na eleição presidencial de 2022. Mas, pelo histórico sucessório no país desde 1998, verifica-se que todos os presidentes que tentaram a reeleição foram vitoriosos. Apenas FHC, em 2002, não conseguiu eleger seu sucessor.

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