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O fator Lula

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No primeiro discurso após ser libertado da prisão (8), o ex-presidente Lula (PT) mandou algumas mensagens importantes. Lula estava preso desde 7 de abril do ano passado na Superintendência Regional da Polícia Federal de Curitiba e já poderia estar cumprindo pena no sistema semiaberto, o que se recusou a fazê-lo.

Criticou a Operação Lava-Jato e o presidente Jair Bolsonaro e ressaltou um dos principais problemas que o país enfrenta hoje: o desemprego. Agradeceu diretamente a alguns partidos de oposição, como PCdoB, PSOL e PCO, e criticou a imprensa, em especial a Rede Globo.

Revelou que pretende fazer caravanas e viagens pelo país ainda antes do fim do ano na busca por protagonizar a oposição a Bolsonaro e estabelecer um contraponto organizado ao bolsonarismo. Lula deve contestar a agenda de reformas do governo e colocar na conta de adversários os problemas econômicos que o país enfrenta.

A batalha por meio das redes sociais deve ser intensa. Vale ressaltar que a libertação do ex-presidente mobilizou de tal forma o Twitter brasileiro que, às 18h20 de sexta-feira (08), quando foi solto, quatro das dez expressões mais publicadas na rede social em todo o mundo estavam relacionadas ao petista. Tanto Lula quanto Bolsonaro têm ampla capacidade de mobilização pelas mídias sociais.

Os movimentos de Lula tendem a acirrar o sentimento anti-PT no país, o que deve fortalecer a polarização política. O principal risco é, a exemplo do que acontece em alguns países vizinhos, caso do Chile, que esse embate tenha o efeito de catalisar uma nova onda de protestos e manifestações.

A atuação de Lula também deve se dar no front internacional. O ex-presidente deve comparecer à posse de Alberto Fernández e Cristina Kirchner na Argentina, em dezembro. Quanto foi eleito, Fernández apareceu em redes sociais fazendo, com os dedos polegar e indicador, um gesto típico dos petistas: a letra L. Fernández escreveu em sua conta oficial no Twitter que o processo judicial que levou à condenação de Lula foi “arbitrário” e que “comove a força de Lula para enfrentar essa perseguição”.

Líderes de esquerda de vários países comemoraram, pelas redes sociais, a libertação. O senador dos Estados Unidos Bernie Sanders, pré-candidato a presidente pelo Partido Democrata, compartilhou em sua conta oficial do Twitter uma notícia sobre a libertação do ex-presidente e acrescentou que “Lula fez mais que qualquer um para reduzir a pobreza no Brasil e defender os trabalhadores”.

O ex-presidente do Paraguai, Fernando Lugo, que sofreu impeachment em 2012, chamou Lula de “querido companheiro” e tuitou que “um julgamento político vergonhoso e 580 dias na prisão não puderam dobrar uma polegada de sua coragem e sua dignidade para continuar de pé ao lado de seu povo”.

A libertação do ex-presidente também foi destaque na imprensa europeia.

Apesar da ampla repercussão, nacional e estrangeira, no Congresso, o apoio à agenda de reformas ainda prevalece. Mesmo não tendo força suficiente para evitar a aprovação das reformas, ao que tudo indica, o custo político e as dificuldades que o governo terá para aprová-las, podem aumentar.

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