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A política externa brasileira em busca de resultados

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Internacional

No dia 21, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) empreenderá uma das viagens internacionais mais importantes deste seu primeiro ano de governo. O périplo incluirá Japão, China, Emirados Árabes, Árabia Saudita e Catar. O foco estará na atração de investimentos para o Brasil e no aumento do comércio com esses países. A visita à China é a que gera maior expectativa. Trata-se do principal parceiro comercial do Brasil e rival dos Estados Unidos, com o qual trava uma guerra comercial há algum tempo. Bolsonaro deseja assegurar a presença do líder chinês Xi Jinping na Cúpula dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que será realizada em Brasília nos dias 13 e 14 de novembro.

Os Emirados Árabes Unidos têm ganhado cada vez mais relevância na agenda externa do Brasil. Desde janeiro, já foram feitas várias reuniões no Brasil e naquele país. O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, tem trabalhado muito para atrair fundos de investimentos dos Emirados para diferentes setores da economia.

Na viagem o presidente estará acompanhado dos ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Paulo Guedes (Economia), Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Fernando Azevedo (Defesa), Ricardo Salles (Meio Ambiente), Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) e Osmar Terra (Cidadania), e do deputado Bolsonaro.

No plano regional, o grande tema continua sendo a crise na Venezuela e as divergências quanto à sua solução. Os Estados Unidos pressionam para que haja uma intervenção militar no país, mas o Brasil resiste, enquanto o Grupo de Lima segue apostando na pressão diplomática e nas sanções como forma de derrubar o regime chavista.

Outubro reserva três importantes eleições presidenciais em países vizinhos: na Bolívia, dia 20; na Argentina, dia 27; e no Uruguai, também no dia 27. O quadro político regional certamente passará por alterações importantes que exigirão do Brasil novos posicionamentos. No final de novembro, o país transfere para o Paraguai a presidência do Mercosul. Um dos temas mais delicados diz respeito à Tarifa Externa Comum. Mas também estarão na pauta mudanças nas regras do bloco para permitir que seus membros possam firmar, individualmente, acordos de livre comércio.

Por outro lado, a decisão anunciada no início da tarde de quinta-feira (10), por parte de Washington, de aceitar o ingresso da Argentina e da Romênia na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), deixando o Brasil de lado, representa um tombo enorme. Desconstrói a narrativa de alinhamento com os Estados Unidos propagada por Jair Bolsonaro. Revela ainda a inépcia da diplomacia brasileira, que não soube interpretar os sinais enviados pelos norte-americanos.

O Brasil injetou grande energia nesse processo e o apoio dos Estados Unidos era considerado certo, apesar de haver uma lista em que a Argentina e a Romênia figuram na frente do Brasil. Não só frustra o país, como também representa um desgaste pessoal para o presidente brasileiro. E fragiliza a narrativa de Eduardo Bolsonaro quanto ao suposto acesso à família Trump, um trunfo com o qual contava para lograr os votos necessários para a sua aprovação como embaixador do Brasil em Washington.

Outro ponto negativo envolve os Brics. O Brasil sequer fez andar o acordo de criação do Escritório para as Américas do Novo Banco de Desenvolvimento. O país corre o risco de chegar à Cúpula dos Brics sem esse acordo ratificado, um prejuízo prático e mais um desgaste político.

 

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