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“Novo” comando no MDB

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Política

O deputado federal Baleia Rossi (SP) foi eleito neste domingo (06) o novo presidente nacional do MDB em substituição ao ex-senador Romero Jucá (AP). Seu nome, que encabeçava a chapa Renovação Democrática, recebeu 311 dos 319 votos na convenção nacional do partido realizada em Brasília neste domingo.

A escolha de Baleia Rossi mantém no poder o grupo que comanda o MDB desde 2001, quando o ex-presidente da República Michel Temer e seus aliados passaram a dominar o diretório nacional emedebista.

Os diretórios estaduais da sigla na Região Sul (RS, PR e SC) chegaram a lançar o nome da senadora Simone Tebet (MS) como alternativa para ocupar a vaga, mas não tiveram força suficiente para se impor e desistiram da disputa.

Apesar de Baleia Rossi representar uma nova geração de políticos emedebistas, na prática a renovação no comando do partido foi tímida. Isso porque a Renovação Democrática, além de não ter tido concorrentes internos, possui nomes importantes da chamada “velha guarda” da legenda.

Baleia Rossi, por exemplo, é filho do ex-ministro Wagner Rossi, muito ligado a Temer. O novo secretário geral da legenda, o deputado federal Newton Cardoso Júnior (MG), é filho do ex-governador de Minas Gerais Newton Cardoso. E o novo terceiro vice-presidente do MDB, o deputado federal Daniel Vilela (GO), é filho do ex-governador de Goiás Maguito Vilela.

Sem mencionar que o novo primeiro-vice-presidente é o senador e ex-governador Confúcio Moura (RO). Uma das novidades do novo diretório nacional, o deputado estadual pelo Rio Grande do Sul Gabriel Souza é muito ligado ao ex-ministro Eliseu Padilha (RS).

Os desafios de Baleia Rossi à frente do MDB são significativos, sobretudo após a forte derrota eleitoral sofrida pela sigla em 2018. Na Câmara, por exemplo, o MDB, que por anos seguidos foi a maior bancada da Casa, elegeu apenas 34 deputados federais, sendo agora a quarta maior bancada, ao lado do PSD.

No Senado, mesmo que o MDB ainda seja a maior bancada, o número de senadores eleitos em 2018 foi de apenas 13, o menor dos últimos 20 anos.

O primeiro desafio de Baleia Rossi será enfrentar as eleições municipais de 2020, quando o MDB tentará preservar o posto de partido com o maior número de prefeitos no país.

Em seu discurso como presidente, Baleia Rossi enalteceu a recuperação da unidade partidária e estabeleceu, como novo desafio, a reconexão do partido com os anseios da sociedade. Além disso, reconheceu que o MDB precisa “acrescentar novas bandeiras”.

O MDB necessita se renovar, pois o modelo partidário instituído na chamada Nova República, que teve o partido como seu principal ator, caminha a passos largos para o esgotamento.
Ainda que não tenha conseguido eleger pelo voto direto um presidente da República, o MDB governou o país com José Sarney (1985-1988), Itamar Franco (1992-1994) e Michel Temer (2016-2018), além de ser estratégico para a governabilidade no Congresso Nacional.

O problema é que a posição de “fiel da balança” do MDB no Congresso foi seriamente abalada com a crise instalada na Nova República. Tal fato afetou negativamente o modus operandi do partido, obrigando-o a se repensar. Do contrário, o MDB pode perder definitivamente o protagonismo que já teve como a principal legenda de centro no país.

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