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Bolsonaro na ONU: “Não fui para falar abobrinha”

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O presidente Jair Bolsonaro declarou ter feito um discurso, na Organização das Nações Unidas (ONU), com o tom e as palavras escolhidas para “olhar para a cara” dos seus eleitores. Na tradicional saída do Palácio da Alvorada, na última quinta-feira (26), Bolsonaro defendeu o pronunciamento, por ter sido um marco para a história do Brasil na ONU, e rechaçou ter sido ofensivo em suas críticas ao presidente da França, Emmanuel Macron, e à chanceler da Alemanha, Angela Merkel.

O presidente brasileiro ainda disse que sua intenção na ONU era fazer um discurso patriótico e que se distanciasse dos presidentes que o antecederam. “Mostramos os problemas do Brasil e tinha gente demonstrando que a ONU foi criada no passado contra o vício do colonialismo. E um país, que não citei o nome do país, quer voltar com isso”, declarou Bolsonaro, em referência á sugestão de Macron de se internacionalizar a Amazônia.

Ele ainda aproveitou para agradecer ao presidente norte-americano, Donald Trump, e a outros países do G7 que foram rápidos e habilidosos na defesa do Brasil, e reiterou sua crítica usual à imprensa brasileira dizendo que não foi à ONU para falar “abobrinha, enxugar gelo e passar pano”.

 

Como foi o discurso

Conforme manda a tradição, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, abriu, na última terça-feira (24) os debates da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York.

Bolsonaro começou o discurso afirmando que seu país “esteve muito próximo do socialismo, o que nos colocou em uma situação de corrupção generalizada, grave recessão econômica, altas taxas de criminalidade e de ataques ininterruptos aos valores familiares e religiosos que formam nossas tradições”.

Em seguida, criticou o programa Mais Médicos, pareceria cubo-brasileira criada no governo de Dilma Rousseff, afirmando que era um “verdadeiro trabalho escravo […] respaldado por entidades de direitos humanos do Brasil e da ONU”.

Além disso, o presidente foi firme em falar que o livre mercado e as privatizações já são uma realidade em seu governo, e que a economia está rompendo “vícios e amarras de quase duas décadas de irresponsabilidade fiscal, aparelhamento do estado e corrupção generalizada”. Bolsonaro aproveitou para celebrar os acordos de livre comércio do Brasil com a União Europeia e com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA).

Ademais, o presidente brasileiro foi contundente ao falar da Amazônia, alegando que alguns países tentaram usurpar a soberania nacional brasileira ao se envolver na polêmica dos focos de incêndio na Região Amazônica, além de criticar veladamente o presidente da França, Emmanuel Macron, ao afirmar que “é uma falácia dizer que a Amazônia é patrimônio da humanidade e um equívoco, como atestam os cientistas, afirmar que a Amazônia, nossa floresta, é o pulmão do mundo. Valendo-se dessas falácias, um ou outro país, em vez de ajudar, embarcou nas mentiras da mídia e se portou de forma desrespeitosa e com espírito colonialista. Questionaram aquilo que nos é mais sagrado: a nossa soberania”.

Acrescentou, ainda, que 14% do território brasileiro é demarcado como terra indígena e que não pretende mexer nesse número, nem para mais nem para menos, e até citou o cacique Raoni, que disse ser usado “como peça de manobra por governos estrangeiros na sua guerra informacional para avançar seus interesses na Amazônia”. O presidente também leu carta do grupo de agricultores indígenas que querem nova política indigenista no Brasil e que apoiam a indígena Ysani Kalapalo a discursar na ONU para apresentar ao mundo a realidade dos povos indígenas brasileiros.

Bolsonaro também aproveitou o discurso para tecer elogios ao ministro da Justiça, Sergio Moro, enquanto este atuava como juiz, alegando que “presidentes socialistas que me antecederam desviaram centenas de bilhões de dólares, comprando parte da mídia e parte do Parlamento, tudo por um projeto de poder absoluto” e e que “foram julgados e punidos graças ao patriotismo, perseverança e coragem de um juiz que é símbolo no meu país, o Dr. Sergio Moro”.

O discurso, que durou pouco mais de meia hora, foi encerrado com uma cobrança á Organização das Nações Unidas, dizendo que esta não é a “organização do interesse global” e que a soberania dos países deve ser respeitada como tal.

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