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Os novatos pedem passagem

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Numa Câmara dos Deputados que trocou quase metade de sua composição na atual legislatura, a renovação também se espelha no rejuvenescimento. Uma nova geração de deputados jovens, de primeiro mandato, alguns herdeiros do legado político dos pais e outros sem nenhum vínculo ou experiência política anterior, em geral conectados às novas tecnologias de comunicação e a movimentos de ativismo político, são uma realidade nos corredores da Casa.

A inexperiência, em alguns casos, e o início de um novo período legislativo, onde os deputados ainda estão se ambientando com a dinâmica parlamentar, não têm sido empecilhos para alguns se destacarem em meio a alguns “medalhões”. Seja por ocuparem posto de liderança formal na estrutura institucional ou em função da atuação no exercício do mandato.

Entre esses, está o deputado Marcelo Ramos (PR-AM), embora já experiente na vida pública. Foi vereador e deputado estadual no Amazonas, além de exercido outros cargos públicos. Ramos estreou na Câmara já ocupando a presidência da comissão especial da reforma da Previdência, um posto de grande importância para a agenda dessa legislatura. Tarefa essa que tem cumprido com grande desenvoltura.

O vice-presidente da comissão da reforma da Previdência, Silvio Costa Filho (PRB-PE), é outra revelação que carrega a experiência de ter sido deputado estadual. Filho do ex-deputado Silvio Costa, “Silvinho” possui um estilo ponderado que difere do perfil explosivo do pai. O deputado também preside a Frente Parlamentar em Defesa do Pacto Federativo, trincheira em que atua em prol dos interesses de estados e municípios.

Ainda no rol de ex-deputados estaduais, Felipe Francischini (PSL-PR) e Marcel Van Hatten (NOVO-RS). O primeiro, também filho de ex-deputado (Delegado Francischini), foi ungido pelo PSL à condição de presidente da Comissão de Constituição e Justiça, a mais importante da Casa. Já nesse início de gestão teve sua prova de fogo. Conduziu a análise de admissibilidade da reforma da Previdência na comissão e com muita paciência contribuiu para superar o clima de conflito das discussões e aprovar a matéria. O segundo é o líder da bancada do partido NOVO. Defensor determinado do liberalismo econômico, Van Hatten não tem se intimidado a defender essa agenda.

Outro que estreou como líder de partido é Pedro Lucas Fernandes (MA), que comanda a bancada do PTB. Ex-vereador em São Luís, é filho do ex-deputado Pedro Fernandes. Discreto, Pedro Lucas tem atuado mais nos bastidores que em Plenário.

Entre os sem experiência eletiva anterior, destacam-se os paulistas Tabata Amaral (PDT) e Kim Kataguiri (DEM). Ambos oriundos de movimentos de renovação política e com forte apelo nas redes sociais, em especial junto ao público jovem. Tabata é membro do movimento RenovaBr, com militância na área de educação. Tem tido grande notoriedade por enfrentar os dois ministros da pasta até então. Bateu de frente com Velez Rodriguez e depois com o sucessor Abraham Weintraub. Kim é coordenador do MBL (Movimento Brasil Livre) e teve grande visibilidade nos protestos em favor do impeachment da ex-presidente Dilma Roussef (PT). Também é defensor de uma agenda liberal, com redução do tamanho do estado e menos impostos. É presidente da Frente Parlamentar pela Economia de Livre Mercado. Como membro da Comissão de Finanças e Tributação, tem se dedicado a relatar projetos referentes ao setor público.

Também integrante de movimento político, João Campos (PSB-PE) carrega a política no sobrenome e no DNA. O deputado é bisneto do ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes, e filho do também ex-governador Eduardo Campos, morto em acidente avião durante a campanha presidencial de 2014. Vice-líder do PSB, é uma aposta de futuro do partido por ter um perfil igual ao do pai, discreto frente aos holofotes e atuante nos bastidores.

Esses jovens deputados são apenas alguns dos que vêm se destacando. Mas há vários outros que já chamam a atenção, com nítido potencial para deslanchar ao longo dos quatro anos. Até agora foram somente quatro meses de mandato. A briga por espaço e visibilidade numa Casa com 513 membros é áspera e intensa, mas ainda há bastante tempo para tantos outros adentrarem o seleto grupo do “alto clero”.

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