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1,2,3… de Marcelo Vitorino: Doria não será candidato a presidente

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Sobre o “fenômeno Doria”: como o paulistano, de suposto presidenciável, passou a não ser visto nem como opção tucana para a sucessão de Alckmin no governo de São Paulo.

1. Ascensão de Doria

“No final de semana, nas convenções do PSDB em vários estados, todos os tucanos discursaram, mas nenhum citou Doria. Doria citou todos. O nome do Alckmin foi aclamado e Doria ainda foi obrigado a ouvir aquele corinho impublicável: “Ei, Doria, vai …”. O que coloca uma pá de cal em qualquer chance de ele ser candidato a presidente pelo PSDB. Talvez nem candidato a governador de São Paulo seja.

Assim que assumiu o governo, Doria começou a fazer um bom trabalho de exposição de marca. O objetivo desse trabalho era ser disseminado em redes sociais. Ao tomar posse, ele tinha dois milhões de fãs e oito milhões de interações no seu Facebook por mês. Em setembro, o Estadão fez uma pesquisa e constatou que os oito milhões haviam caído para 1,7 milhão. Ou seja, desde que começou a governar, seu número de interações vem sangrando e o número de fãs não cresce.

Como o projeto inicial dele inicial era ter uma grande exposição para disputar uma eleição majoritária, ele começou um processo de criação de factoides. Ele já havia sido eleito como João Trabalhador. E assim que assumiu vestiu essa fantasia de João Trabalhador. Um dia ele se vestiu de gari, outro dia se vestiu de atendente do McDonald’s. Cada dia o prefeito da cidade de São Paulo resolvia se vestir de algo para dar continuidade à imagem do João Trabalhador. Esse é o primeiro ato, a ascensão do Doria.

2. A Crise

Ele começou a imprimir um ritmo que não compete com o trabalho de longo prazo quando você pensa, ‘mas peraí, esse cara vai conseguir sustentar quatro anos fazendo factoides nessa velocidade?’ Cesar Maia era o Rei dos Factoides, mas ele lançava um factoide, esperava decantar, estimulava aquilo, quando o factoide estava caindo, ele recolhia o factoide, esperava um pouco o pessoal esquecer e lançava outro. Cesar Maia lançava três factoides por ano, Doria, cinco por mês.

Isso fez com que sua popularidade subisse muito rápido, porém a cobrança do paulistano, que todo mundo sabe é o bicho mais neurótico e exigente que existe no planeta, começou a pedir ‘espera lá, mas cadê o que você me prometeu? Você disse que ia fazer negócio com todas as empresas do mundo…’ e sai a manchete da Folha de S. Paulo dizendo que menos de 3% daquilo que foi falado pelo Doria foi concretizado.

Primeiro momento a subida, que se deu pelo número de factoides. Não houve período de platô, não teve momento de estagnação da imagem. Os factoides foram perdendo a força conforme o tempo foi chegando e as promessas não sendo cumpridas começaram a empurrar o Doria para o viés de queda. Isso é o segundo ato dessa ópera.

3. A Queda

Para conseguir reverte a queda de popularidade e de engajamento que ele vinha sofrendo, o Doria resolveu virar o AntiLula. Saiu até na capa da IstoÉ. Ele começou a adotar um discurso raivoso, chamando Lula de cara de pau e tudo mais e com isso conseguiu até se aproximar de parte da população, daquele segmento que gosta do MBL e do Bolsonaro, que começou até olhar para o Dória com bons olhos. Quem olhava o Bolsonaro, via o Doria como alternativa viável, um cara de direita arrumadinho.

Mas isso não adiantou. A popularidade dele continuou em queda. Em dado momento, ele destempera e começa a brigar com os seus. Porque a turma do Alckmin começou a fazer muita pressão para que o Doria não se posicionasse como presidenciável. Cabe lembrar que o caminho do Doria para ser um prefeitável em São Paulo foi um caminho muito hostil. Vários tucanos de alta plumagem foram contra o Doria. Eles queriam o Eduardo Matarazzo. Aquela cadeira era para o Eduardo Matarazzo.

Quando o Doria começa a perder popularidade os tucanos pressionam ele para tirar o pé e ele faz o oposto. Afunda mais o pé, aprofunda o racha no tucanato, briga com o Goldman, passa a ser extremamente desrespeitoso com a história do Goldman, chama ele de ‘velhinho de pijama’ e com isso ele detona todas as chances de ser candidato a presidente. Porque a um presidente não cabe só marketing. Ao presidente cabe unir inclusive aqueles que não concordam com ele. Coisa que o Lula fez muito bem. Doria não entendeu isso”.

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