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O passado cobra uma conta que compromete nosso futuro

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No momento em que o Brasil ensaiava sair da pior recessão de sua história, ainda recuperando-se do mais trágico e incompetente governo que já passou por Brasília, explode o escândalo das gravações do empresário Joesley Batista, do grupo JBS.

Tudo, do começo ao fim, é uma opereta para deixar o presidente da República ao alcance de um diálogo claramente armado para incriminá-lo. A insistência de Joesley em vê-lo deveria indicar alguma espécie de problema.

Generoso acordo e operação pré-combinada

Tudo indica que o generoso acordo de delação premiada feito entre a Procuradoria Geral da República e Joesley Batista tenha embutido a entrega da cabeça do presidente Michel Temer, a partir de uma operação pré-combinada. Uma espécie de teste de fidelidade do João Kleber.

Adiante, aparece a história de uma propina de R$ 480 milhões a ser paga em 20 anos. Quem, em sã consciência, acredita que, em tempos de operação Lava Jato, possa existir uma situação que gere uma propina tão volumosa e de tão longo prazo?

Outro ponto crítico é o papel de Rodrigo Santos da Rocha Loures. Teria ele feito o que fez a mando de alguém? Por que teria recebido o dinheiro? A que pretexto? Como, a esta altura dos acontecimentos, alguém se expõe tanto?

Não deixa de ser patético Rodrigo Loures correndo com uma mala e jogando-a no porta-malas de um carro, olhando para os lados e entrando num táxi. Nada mais bandeiroso. Tanto quanto os policiais deixarem o carro ir embora sem conseguir segui-lo. Pareciam Fucker e Sucker, policiais do “Casseta & Planeta”.

Midiatização da justiça

A divulgação pela imprensa de que Temer teria concordado com o pagamento de mesada ao ex-deputado Eduardo Cunha, hoje preso, também foi claramente manipuladora. Apesar de o diálogo – como um todo – ser trágico, não houve concordância com o pagamento de mesada. Ao insinuar que controlava procurador e juízes, Joesley deveria ter sido repreendido de pronto pelo presidente, e a afirmação ser alvo de investigação posterior.

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, também teve parcela significativa nessa trágica comédia de erros. Deveria ter tido cautela, tratando-se de um presidente da República. Parece que ele e o procurador geral da República, Rodrigo Janot, queriam marcar logo uma posição sobre o tema sem sequer tomar o cuidado de investigar a veracidade das gravações de Joesley.

O vazamento da informação, mais um entre uma dezena no âmbito dos escândalos recentes, deveria provocar uma megainvestigação séria que a PGR não parece querer empreender. A midiatização da Justiça, e o vazamento é um de seus instrumentos, faz parte da comédia de erros.

Assim como o presidente deve ser investigado, caberia uma investigação profunda do comportamento da Justiça. Inclusive em relação ao generoso acordo de delação com os irmãos Batista. Será que o Conselho Nacional de Justiça tem coragem? Quem paga o pato pelos erros de todos os envolvidos é o povo brasileiro.

E as reformas?

As tão necessárias reformas ficarão adormecidas? Provavelmente, sim. Em um imenso “esforço de reportagem”, a reforma trabalhista poderá avançar. Já a da Previdência deve ficar paralisada. O ideal seria o Congresso prosseguir debatendo-as e aprovando-as. Mas com certeza o que já era difícil poderá ficar impossível.

Para o presidente, o atual mandato foi uma tragédia. Recessão, corrupção, impeachment e escândalos. Foi o passado cobrando uma conta alta por nossa omissão diante da política na hora de escolher os políticos que comandam nossos destinos. Uma conta que atrapalha nosso futuro.

Publicado n’O Tempo em 24/05/2017

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