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Me engana que eu gosto

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Disse o poeta T.S. Eliot que “a humanidade não suporta muita realidade”. Por isso as notícias escandalosas, os factoides, as meias-verdades e as mentiras sinceras interessam.

Com o surgimento das redes sociais ficou ainda mais fácil viver na para-realidade, aquela dimensão em que tudo pode ser verdade, mas não necessariamente é.

Entendo a para-realidade como um espaço no qual as dimensões do real e do imaginário convivem como se pudessem ser verdade. Uma espécie de realismo fantástico no qual a humanidade seria uma imensa Macondo.

Eleições nos EUA e Brexit

Nas eleições presidenciais norte-americanas, além da atuação de hackers, as redes sociais foram intensamente utilizadas para disseminar inverdades em relação aos candidatos. Em uma velocidade espantosa, o desmentido, quando chegava, já tinha causado um tremendo estrago.

Na campanha do Brexit, no Reino Unido, a situação foi igualmente espantosa. As redes sociais puderam personalizar as mensagens políticas de forma a que cada segmento eleitoralmente relevante fosse alcançado. Eram mentiras sinceras feitas sob medida.

Batalhas online vitimam a verdade

O acirramento dos ânimos políticos que vivemos hoje no Brasil decorre de uma conjunção de fatores. Dilma Rousseff, com sua arrogância, espalhou mau humor e intolerância pelo país. A crise fiscal e econômica, fruto de sua trágica gestão, aprofundou a intolerância. Por fim, temos a Operação Lava-Jato, agravando o ambiente. O desaguadouro dessas vertentes se localiza tanto na mídia tradicional quanto, principalmente, nas redes sociais.

A profusão de meias-verdades, factoides, mentiras sinceras, calúnias e difamações atinge picos nunca vistos.

Verdades e mentiras combatem minuto a minuto pela internet e, sem dúvida, afetam as mídias tradicionais, influenciando o comportamento da cidadania.

A situação é potencializada pelo que chamo de midiatização da Justiça, que é quando esta só se realiza se atender às expectativas da imprensa. Juízes que votam contra o senso comum são atacados, independentemente de a Justiça estar sendo cumprida. São tempos perigosos que exigem uma educação e uma sensibilidade que não temos.

As eleições de 2018 serão, provavelmente, um campo de batalha no qual a verdade será a grande vítima.

Publicado no Blog do Noblat em 11/05/2017

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