No corte de R$ 42 bilhões no Orçamento anunciado pela equipe econômica na quinta-feira passada (30), o aumento de tributos ficou restrito ao Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para cooperativas de crédito.
Embora o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, reconheça que a intenção do governo é evitar o aumento de impostos, isso poderá ocorrer se a previsão de receitas não garantir a meta fiscal de déficit de R$ 139 bilhões.
Assim, sob o ponto de vista da equipe econômica, o aumento de impostos seria uma medida amarga, mas necessária para evitar que a situação fiscal se agrave. Porém, politicamente, essa decisão pode trazer prejuízos, sobretudo para a popularidade do governo Michel Temer, que já é baixa.
Segundo pesquisa CNI/Ibope divulgada na última sexta-feira (31), a área de impostos é a mais mal avaliada do governo (conta com 85% de desaprovação). De acordo com a sondagem, apenas 11% dos entrevistados aprovam a atuação do governo nesse tema.
Ou seja, o aumento de tributos precisará ser muito bem analisado pelo governo antes de adotado. Além da histórica oposição do setor empresarial ao tema, há o risco de Temer perder ainda mais pontos junto à opinião pública.
Outras reformas
O governo até o momento vem conseguindo uma série de vitórias no Congresso Nacional. Conseguiu aprovar a PEC do teto dos gastos e a Lei da Terceirização. No entanto, quanto mais se aproximam as reformas trabalhista e da previdência mais tensas ficam as negociações.
Segundo levantamento do jornal O Estado de São Paulo, mesmo com as regras mais brandas, se a votação fosse hoje a reforma da previdência não passaria. O Jornal ouviu 436 deputados, 85% da Câmara. Além dos 251 parlamentares contrários à proposta, 95 disseram que são favoráveis ao texto, ainda que com alguma ressalva; 35 estão indecisos; 54 não quiseram responder; e 1 se absteve. 77 deputados não foram encontrados.
O Estadão divulgou o Placar da Previdência para acompanhar dia a dia a evolução da proposta na Câmara.