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Corrida do ouro

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Sergio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro, descobriu o Brasil do século dezoito. Séculos atrás, para alegria do D. João V, a colônia ultramarina no Atlântico Sul revelou possuir um potosi de ouro, referência à montanha de prata descoberta na Bolívia, que posteriormente daria nome ao rio por onde era exportada para a Espanha.

O ouro brasileiro bancou as exorbitantes despesas do monarca português. Grandes recepções, vestimentas espalhafatosas, muitos diamantes e ouro, muito ouro. Nos seus melhores momentos, a exportação da província para a matriz, apenas neste quesito, chegou a 15 toneladas anuais.

Passado o tempo, o outro monarca português, D. João VI, foi obrigado a deixar Lisboa às pressas. As tropas de Napoleão já invadiam o país pelo norte. Não há certeza quanto ao número de pessoas que vieram para o Brasil. Historiadores estimam que entre 10 e 15 mil embarcaram nos navios que deixaram Portugal às pressas no dia 29 de novembro de 1807.

No dia 30, o marechal Junot entrou em Lisboa. Encontrou no cais do porto, abandonados, móveis, baixelas, peças raras e alguns caixotes. Dentro de um deles achou a pepita de 20 quilos, extraída na região de Água Quente no sertão goiano, cem anos antes. A peça foi enviada a Napoleão Bonaparte como presa de guerra.

O Brasil foi rico em ouro. Até hoje, volta e meia, aparecem áreas de garimpo que provocam corridas espetaculares. O dono do Hotel Emiliano, Carlos Alberto Filgueiras, melhorou de vida depois de acertar na lavra e pesquisa de ouro na região de Serra Pelada. Fez fortuna.

Construiu hospedarias de alto luxo, comprou uma ilha em Paraty e o avião que o conduziria à morte junto com o Ministro Teori Zavascki, a massagista particular e a senhora mãe dela. A cobiça enlouquece. O território brasileiro aumentou várias vezes por causa da ganância de exploradores em busca do vil metal.

Os pioneiros saíram de São Paulo e depois de passar pelas Minas Gerais, seguiram caminho a pé e em lombo de burro até o atual estado de Rondônia, passando por Paracatu, as cercanias do Planalto Central e Cuiabá.

Investigação da Operação Eficiência, da Polícia Federal, apontou que um esquema montado pelo ex-governador Sérgio Cabral ocultou cerca US$ 100 milhões em diversas contas em paraísos fiscais no exterior. O Ministério Público conseguiu repatriar cerca de R$ 270 milhões.

Os procuradores afirmam que a remessa de valores para o exterior foi contínua entre 2002 e 2007, quando Cabral acumulou US$ 6 milhões, e que, em dez meses (de agosto de 2014 a junho de 2015), a organização criminosa movimentou R$ 39,7 milhões.

“A remessa de valores para o exterior foi contínua entre 2002 e 2007, quando Cabral acumulou US$ 6 milhões. Mas esse alto valor em nada se compararia às surreais quantias amealhadas durante a gestão do governo do Estado do Rio de Janeiro, quando ele acumulou mais de US$ 100 milhões em propinas, distribuídas em diversas contas em paraísos fiscais no exterior”, afirmam os procuradores na denúncia. Neste bolo, que envolve muita gente, Eike Batista aparece pagando propina de US$ 16 milhões ao ex-governador.

Cabral está preso em Bangu aprazível, subúrbio carioca onde a temperatura média neste verão ronda os 40 graus na sombra. Ele já respondia processos por desvio de verba expressos em muitos processos e a estranha e reveladora maneira de dançar com guardanapos na cabeça em restaurante de luxo em Mônaco. É a avacalhação final.

O governo do Rio de Janeiro, que criou as unidades de polícia pacificadora, desmontou como um castelo de areia em Copacabana. Tudo era fachada para uma roubalheira sem precedentes no Brasil. Semelhante aquela ocorrida na Petrobras. O ex-governador mantinha uma preciosa residência em Angra dos Reis, tinha lancha para passeios exclusivos. Cuidou da família, indicou empresas ao escritório de sua mulher e pagava generosa mesada para a ex-esposa.

Sérgio Cabral quebrou o estado do Rio de Janeiro. O erário não consegue pagar os salários de seus funcionários, nem de aposentados e pensionistas. As obras pararam. O desastre é monumental. O atual governador, Pezão, peregrina por Brasília em busca de algum dinheiro para salvar as aparências. O estado não tem condições nem de tomar empréstimos.

Autoridades em Brasília ainda se assustam com o que vem por aí na megadelação dos executivos da Odebrecht. Aparentemente, o mal está feito e revelado. Política se transformou no caminho seguro para enriquecer em nome da pátria. Cabral descobriu seu potosi de ouro. Agiu como os portugueses no século 18. Naquela época a reação foi proclamar a Independência. Agora, o caminho poderá ser semelhante. Esses políticos acabaram. Essa política também.

 

 

 

 

 

 

 

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