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A segurança das fronteiras e a Defesa Nacional

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No dia 16 de novembro, o Brasil convocou os países do Cone Sul – Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai – para discutir efetividade na segurança das fronteiras. A reunião que contou com a presença do presidente Michel Temer, foi um desdobramento do encontro realizado em 28 de outubro, quando o mesmo Temer colocou a segurança na agenda do seu governo ao reunir os ministros da Defesa, Justiça, Relações Exteriores e GSI, mais os presidentes dos demais poderes.

Com o domínio cada vez maior do crime organizado que se espalha por todo o país e já ultrapassa as fronteiras, se o Brasil não chamar à responsabilidade os seus vizinhos, a tendência de vermos a região se transformar em uma espécie de “narco Estado” é absolutamente real.

O crime organizado não atua mais pelo lucro, quer o poder. E o quer em todas as esferas, municipal, estadual e federal, e nos três poderes, executivo, legislativo e judiciário. Dinheiro para atingir esses objetivos eles têm de sobra. Contam ainda com o alto índice de corrupção das policías, da falência dos estados e da incapacidade de se construir cooperação interna.

Estados e municípios o que querem é grana. Assumir compromissos é outra coisa. Daí que pacto federativo e coelhinho da Páscoa são duas coisas que não existem ou estão apenas no campo dos contos de fadas.

Portanto, apesar de otimistas, as conclusões a que chegaram os países do Cone Sul – todas velhas conhecidas – de se incrementar a cooperação em termos de combate aos crimes transnacionais, não encontram eco. No passado bem recente, tentou-se e não se foi a lugar algum.

O Brasil tem quase 17 mil km de fronteiras com dez países. São nove tríplices fronteiras onde os problemas são comuns. Não fossem as Forças Armadas e o seu papel de Estado nestas regiões e o Brasil já teria sucumbido de vez ao mando do crime organizado.

Países como Bolívia estão entre coniventes com o narcotráfico, o contrabando e o descaminho e a falta de vontade política. O Paraguai tenta desestigmatizar-se da pecha de “país do contrabando”, mas o principal produto apreendido no Brasil é o cigarro produzido naquele país e por uma fábrica cujo dono é apenas o presidente da República.

A segurança nas fronteiras é fundamental se o Brasil quiser de fato combater a criminalidade interna. Por semana, duas centenas de fuzis ingressam no país e acabam nas mãos de organizações como PCC e Comando Vermelho, além de seus subsidiários, terceirizados e afins.

O crime organizado controla grande parte de estados como o Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, apenas para citar alguns. O Distrito Federal e o seu entorno já registram forte presença de líderes de facções violentas que estão enraizando suas organizações no centro do poder.

Os políticos estão com medo. Recentemente, alguns experimentaram na própria pele que estar em um carro blindado já não corresponde a estar seguro. O armamento pesado amedronta e põe de joelhos o Estado. Afinal de contas, porque se contentar com o lucro das drogas, da prostituição, dos acertos com as polícias, com as milícias e com os políticos, se podem controlar toda a cadeia?

E para piorar, o que há de bom na segurança pública, meios de comunicação de massa tratam de deslegitimar, menosprezar e acossar, fazendo o jogo sujo de entidades supostamente defensoras dos direitos humanos, mas que só prezam pela bandidagem, portanto, atuando como cúmplices.

A sociedade precisa ser informada acerca dos fatos como eles são. Mostrar hospitais que mais parecem acampamentos de guerra é válido, afinal contas as grandes multinacionais da saúde agradecem. Mas, mostrar as polícias sucateadas, os baixos salários, a falta de preparação adequada e a inexistência de respaldo estatal, não. Não é politicamente correto. Politicamente correto é socorrer marginal que estupra, degola, rouba, explode, viola e ostenta. Enquanto essa inversão de valores vigorar, estaremos cada vez mais fadados à ordem e ao progresso do crime.

E isso vale para o interno e para o externo uma vez que a vizinhança precisa fazer a sua parte. E o Brasil precisa falar grosso com quem quer que seja. Somos nós quem pagamos o preço da indiferença regional.

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